ESPAÇO DA COMISSÃO CRCPR ENSINO PARA DIVULGAÇÃO DE TRABALHOS ACADÊMICOS PUBLICADOS EM PERIÓDICOS DO SEGMENTO
"Diante da importância crescente do setor de saúde privado durante a pandemia da Covid-19, pesquisadores buscaram entender como o mercado de capitais reagiu à divulgação de dois marcos da crise sanitária: o primeiro caso de Covid-19 registrado no Brasil, em fevereiro de 2020, e o agravamento da pandemia, em janeiro de 2021, com a crise de oxigênio no estado do Amazonas. O estudo foi publicado na Revista de Contabilidade e Controladoria e conduzido por Raynne Furtado Purgas (PUC Goiás), Elis Regina de Oliveira (PUC Goiás), Eduardo Alvim Guedes Alcoforado (UFU) e Geovane Camilo dos Santos (UFF).
A análise baseou-se na metodologia de estudos de eventos, que mensura a variação esperada e não esperada nos preços das ações em decorrência de acontecimentos específicos. Foram avaliadas 12 empresas do setor de saúde listadas na B3, abrangendo os subsetores de medicamentos, equipamentos médicos, serviços hospitalares e comércio de medicamentos. O objetivo foi identificar o comportamento dos preços das ações dessas companhias frente aos dois eventos selecionados.
Os resultados mostraram que o primeiro evento – a divulgação do primeiro caso da doença no Brasil – provocou impacto mais expressivo nos preços das ações. Tanto os retornos normais quanto os anormais foram majoritariamente negativos nos subsetores analisados, com destaque para as ações do setor de serviços médico-hospitalares e de equipamentos, que apresentaram maior sensibilidade à notícia. A maior volatilidade nesse período, sugere que a incerteza inicial e o desconhecimento sobre os impactos da pandemia geraram reações de venda mais acentuadas por parte dos investidores.
Por outro lado, no segundo evento – o colapso no sistema de saúde de Manaus, com escassez de oxigênio para pacientes – o impacto sobre os preços das ações foi consideravelmente menor. Os dados indicaram que, apesar da gravidade humanitária da crise, o mercado já absorvia melhor as informações relacionadas à pandemia, diante da maior previsibilidade da retomada econômica, impulsionada pelo início da vacinação. Assim, as variações nos preços das ações foram menos intensas, e os retornos anormais observados não se mostraram estatisticamente significativos.
A pesquisa contribui para o entendimento de como eventos sanitários extremos podem afetar a percepção dos investidores e, consequentemente, os valores de mercado das empresas do setor de saúde. Ao comparar dois momentos distintos da pandemia, os autores mostram que a reação do mercado está fortemente associada ao nível de incerteza vigente e à capacidade dos investidores de antecipar os efeitos econômicos de eventos críticos.
Do ponto de vista gerencial, os resultados ressaltam a importância da comunicação clara e tempestiva por parte das empresas em momentos de crise, como forma de reduzir a volatilidade e sustentar a confiança dos agentes econômicos. Para pesquisadores e reguladores, os achados indicam a relevância de incorporar variáveis contextuais e comportamentais na análise da eficiência dos mercados, especialmente em cenários de crise sanitária."
Conheça o estudo na íntegra
O artigo completo está disponível na Revista de Contabilidade e Controladoria através do link:
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