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Artigo do presidente do Conselho Regional de Contabilidade do Paraná, Laudelino Jochem 

Até outro dia, o cenário da inovação na área contábil era dominado por termos como “transformação digital”, “contabilidade online” e “contabilidade consultiva”. Hoje isso já é coisa do passado. A vanguarda do mercado é hoje dominada por quem se preocupa com a diversidade e com questões relacionadas a meio ambiente, sustentabilidade e governança, a tão falada ESG, sigla da moda que vem do inglês Environment, Sustainability and Governance. A preocupação do empreendedor contábil nem sequer deve ser mais com a adequação de sua empresa a essas demandas da sociedade, mas sim com o impacto dessas mudanças no valor das empresas e sua reprodução nas demonstrações contábeis. A reflexão que eu proponho aos colegas de profissão neste 22 de setembro, Dia do Contador, é sobre as habilidades que precisamos desenvolver para assegurar a sustentabilidade das empresas contábeis e o consequente futuro de nossa profissão. 

Diante do cenário atual, em constante mudança, é essencial para a nossa sobrevivência que cultivemos o costume da inovação. Isso pode parecer, para alguns, um muro intransponível, mas eu asseguro que existem métodos e caminhos para o profissional da contabilidade chegar lá, afinal, a capacidade de inovar é inerente ao ser humano e foi o que nos permitiu evoluir mais rapidamente que outros seres vivos. No entanto, fatores culturais cerceiam essa nossa natureza transformadora.

Na antiguidade clássica, o filósofo Platão já afirmava que a necessidade é a mãe da inovação, e talvez em nenhum outro momento da história a inovação se fez tão necessária como agora.


"Na antiguidade clássica, o filósofo Platão já afirmava que a necessidade é a mãe da inovação, e talvez em nenhum outro momento da história a inovação se fez tão necessária como agora." 

Hoje, o contador não pode mais se limitar a saber conduzir as rotinas operacionais da sua empresa, mas sim é necessário entender as leis e normas que estão por trás daquelas operações. E outro ponto quase tão importante é nutrir o equilíbrio emocional. Vivemos um momento em que tudo muda muito rapidamente, e é preciso ter flexibilidade para aceitar essas modificações de processos e das pessoas, pois nosso comportamento diante das mudanças afeta diretamente outra capacidade fundamental para quem busca o sucesso na profissão: cultivar relacionamentos interpessoais. Essa é uma habilidade essencial, tanto para construir uma relação de confiança com clientes quanto para manter uma equipe de alto nível, capaz de entregar serviços que vão satisfazer e fidelizar os clientes. 

Os relacionamentos também precisam transcender a esfera dos clientes e funcionários. É primordial cultivar relacionamentos com colegas de profissão e participar das entidades de classe, como o CRCPR, que discutem constantemente os desafios e as tendências do mercado e frequentemente atuam em conjunto, abordando questões importantes que impactam na atividade do contador e de seu segmento de atuação.

Na esteira desse raciocínio, destaca-se ainda a necessidade de saber se comunicar. Afinal, bons relacionamentos não se constroem se não houver uma efetiva capacidade de escuta. Tampouco podemos fazer bons negócios sem a habilidade de transmitir ideias de maneira clara e assertiva. 

Por fim, destaco a importância de desenvolver a visão estratégica. O contador não pode mais fixar sua atenção nas tarefas e questões que demandam a sua ação imediata. Para sobreviver e ter sucesso na nossa profissão, é preciso olhar ao redor, ter a mente aberta para informações que não necessariamente se encaixam em sua realidade do momento, mas que podem indicar importantes tendências de futuro e, a partir dessa visão, assumir riscos de uma maneira calculada, direcionando esforços e recursos para oportunidades que poderão render os melhores frutos a longo prazo.

"O contador não pode mais fixar sua atenção nas tarefas e questões que demandam a sua ação imediata. Para sobreviver e ter sucesso na nossa profissão, é preciso olhar ao redor, ter a mente aberta para informações que não necessariamente se encaixam em sua realidade do momento, mas que podem indicar importantes tendências de futuro e, a partir dessa visão, assumir riscos de uma maneira calculada, direcionando esforços e recursos para oportunidades que poderão render os melhores frutos a longo prazo."

Inovação também não se faz sem renunciar às certezas. Para o pensador Mário Sérgio Cortella, quem não tem dúvida não é capaz de inovar, de reinventar, não é capaz de fazer de outro modo. A dúvida é também a espinha dorsal do método científico, estruturado por outro importante filósofo, René Descartes. É fundamental ter em mente, ainda, o que nos ensina Peter Drucker: as inovações eficazes são surpreendentemente simples. Qualquer pessoa, portanto, tem a capacidade de inovar.

Neste Dia do Contador, além de manifestar a todos os profissionais da contabilidade do Paraná os meus parabéns pelas conquistas e por atuarem com brio pela valorização da nossa atividade, tão essencial para o sucesso das empresas e o crescimento econômico, quero encerrar esta reflexão dizendo que a grande batalha para mudar a nossa visão como empreendedores e virar a chave para uma cultura de constante inovação é com as nossas próprias mentes. O futuro é de quem aceita que é preciso revisar constantemente as próprias crenças. 

"O futuro é de quem aceita que é preciso revisar constantemente as próprias crenças."