A Comissão CRCPR Ensino realizará mais uma edição do Fórum Paranaense de Coordenadores e Professores de Ciências Contábeis, no dia 17 de outubro, a partir das 9h. Voltado a repensar práticas docentes, estratégias formativas e o futuro da atuação contábil, evento ocorrerá virtualmente, com transmissão pela TV CRCPR. O Fórum explorará temas essenciais para a educação contábil atual, como saúde mental no ambiente acadêmico e como unir teoria e prática quando se trata de garantir uma educação de qualidade e um futuro promissor para os estudantes de Ciências Contábeis. Inscreva-se aqui!
A programação contará ainda com a palestra "Panorama das Mudanças no Ensino à Distância e Enade", que terá como palestrante Elton Ivan Schneider, doutor em Administração e diretor da Escola Superior de Gestão, Comunicação e Negócio do Centro Universitário Internacional Uninter.
CRCPR Online: Como a integração de novas tecnologias pode tornar o aprendizado remoto mais interativo e eficaz?
Elton Ivan Schneider (EIS): Reforço que o que faz uma aula mais interativa nem sempre depende da tecnologia ou do professor, mas da atitude do aprendiz em aprender com ou sem tecnologia. Após a expansão massiva do uso de tecnologias nos processos e ensino e aprendizagem durante a pandemia de 2020, educadores e instituições buscaram maneiras de tornar a educação (ensino e aprendizagem) mais interativa e eficaz. Isso se tornou fundamental porque, mesmo com a volta do ensino presencial, muitos alunos e professores passaram a valorizar a flexibilidade do aprendizado remoto, desejando mantê-lo em alguma medida no futuro. Ao mesmo tempo, o início abrupto do ensino online evidenciou desafios – por exemplo, uma parcela significativa de docentes considerou o ensino remoto inicial pouco eficaz, refletindo dificuldades em engajar os alunos através da tela. Esses fatos ilustram uma necessidade clara: integrar novas tecnologias e metodologias para que o aprendizado a distância seja envolvente como uma aula presencial e produza resultados de aprendizagem sólidos. Felizmente, o cenário de 2025 é bem diferente do ensino de emergência de 2020. Diversas tecnologias educacionais emergentes têm sido adotadas para transformar a experiência on-line, aproximando-a de uma aula tradicional em termos de interação, ou até a superando em alguns aspectos. Podemos integrar novas tecnologias – desde ambientes virtuais imersivos até inteligência artificial – para tornar o aprendizado remoto mais participativo, engajador e efetivo. Cada ferramenta ou métodos em uso, pode trazer benefícios, bem como limitações ou cuidados a serem considerados na implementação. Algumas possibilidades se destacam, como: a) Realidade Virtual e Aumentada permitem vivências práticas e imersivas mesmo a distância; b) Gamificação e jogos educacionais elevam a motivação e engajamento dos estudantes; c) Inteligência Artificial e plataformas adaptativas personalizam o ensino e oferecem apoio instantâneo; d) Ferramentas colaborativas online e conteúdo multimídia interativo fomentam participação ativa e aprendizado social no ambiente virtual. Para que tenhamos sucesso no uso/implementação dessas inovações, alguns requisitos são necessários – como treinamento de professores, infraestrutura e acessibilidade.
CRCPR Online: Quais são as mudanças mais significativas nas diretrizes para cursos online e como elas impactam alunos e instituições?
EIS: Para os alunos, em cursos à distância, é a presencialidade, pois não existe curso de EAD sem atividades presenciais. Isto já estava previsto na legislação anterior e passou a ser o ponto-chave do novo marco regulatório. Em cursos presenciais é ter até 30% de aulas em EAD, antes era possível até 40%. Para as Instituições de Ensino Superior são os novos formatos de oferta de curso (presencial, semipresencial e EAD); a avaliação de cursos por áreas CINI; a infraestrutura de polos; a presencialidade também; as restrições de ofertas de cursos; e o impacto de custos.
CRCPR Online: Quais competências têm sido mais valorizadas no Enade e como
podemos adaptá-las ao formato de ensino à distância?
EIS: As competências exigidas no ENADE são elaboradas visando medir competências do profissional formado, não importa a modalidade ou formato de oferta do curso, para tanto é preciso atentar para os elementos da prova - que variam na quantidade de itens de CSTs para bacharelados e para licenciaturas (Formação Geral e Formação Específica), além de uso da TRI como forma de avaliação estatística dos resultados. Também é preciso destacar as competências e habilidades, já que o INEP/MEC vem redesenhando o perfil profissional do egresso, criando critérios de avaliação de competências, sem que as mesmas sejam analisadas ou avaliadas pelos conselhos de classe, como no artigos 5 e 6 da Portaria nº 339/2025, sobre diretrizes de prova do componente de Formação Geral dos Cursos de Bacharelado, no âmbito do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), edição 2025. As DCNs dos cursos talvez, em aspectos gerais, atendam a estas competências e habilidades, mas questiono se as mesmas estão sendo ensinadas e aprendidas pelos alunos em relação a estes objetos de conhecimento. Para além disso, a formação específica do contador deve atender certas habilidades e competências e questiono se são as mesmas das DCNS do Curso de Ciências Contábeis. Lembrando que para o ENADE, o contador será avaliado em apenas duas competências. Seria o suficiente? A parte em que os cursos talvez estejam mais afinados é sobre o que ensinar, porém como ensinar e implementar a avaliação para pessoas que não foram preparadas para isso? Além disso, não faltar em nenhuma das áreas de conhecimento citadas na portaria pode ser alentador, mas se isto garante resultados é outra conversa.
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