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Nos dias 7 e 8 de agosto, a Comissão CRCPR Perícia Contábil realiza o 9º Seminário Paranaense de Perícia Contábil, na TV CRCPR, das 9h às 12h. A programação intensa reúne especialistas para discutir temas que impactam a atuação e atualização dos profissionais da área pericial. A participação é gratuita, com inscrições separadas para cada dia.

Clique aqui para se inscrever para o primeiro dia (7/8)

Clique aqui para se inscrever para o segundo dia (8/8)

O mestre em Ciências Contábeis e especialista em Inteligência Artificial, Carlos André Moreira Chelfo apresentará o painel “Inteligência Artificial na Perícia” no dia 8/8. A mediação será feita por Maurício Cadenas, membro da Comissão CRCPR Perícia Contábil.

Confira a seguir entrevista com o palestrante:

Carlos André Moreira Chelfo

CRCPR Online: Com o aumento da tecnologia, algumas pessoas temem pelo futuro das profissões. A IA vem para substituir ou auxiliar o perito contábil?  

Carlos André Moreira Chelfo (CAMC): Para auxiliar, não substituir. E digo isso com base na experiência prática que tenho, alicerçada por estudos e pesquisas – de novas tecnologias na Perícia -, que venho realizando ao longo de 17 anos. O perito não é só alguém que faz cálculo - qualquer IA faz isso. Nossa função vai muito além: interpretamos contextos, fazemos conexões que só a experiência profissional permite, lidamos com as nuances do comportamento humano por trás dos números e brindamos com um laudo pericial robusto e singular. Não tenho dúvidas de que a IA é uma ferramenta poderosa. Ela acelera análises, identifica padrões que passariam despercebidos, processa volumes enormes de dados, realiza tarefas automatizadas. Mas o perito continua sendo quem dá sentido a tudo isso, quem contextualiza dentro do objeto da perícia e quem apresenta as conclusões de forma clara para o juiz.

CRCPR Online: Quais são as principais vantagens do uso da IA para tornar os processos periciais mais rápidos e precisos? 

CAMC: São claras e substanciais e já uso várias delas, como: 1. Velocidade brutal na análise de dados, o que levava dias, agora leva horas; 2. Detecção de inconsistências, a IA consegue cruzar informações e apontar discrepâncias que escapariam numa análise manual; 3. Padronização de procedimentos, reduz o erro humano em tarefas repetitivas; 4. Análise preditiva, identifica tendências e padrões suspeitos; 5. Automatização de cálculos complexos, principalmente em casos de lucros cessantes e apuração de haveres. Os resultados são perícias mais robustas, com menos margem para questionamentos e entregas muito mais eficientes e céleres.

CRCPR Online: A perícia contábil lida com uma série de informações delicadas e sigilosas. É possível utilizar a IA sem comprometer a segurança e privacidade dos dados das empresas?

CAMC:
 Essa é uma preocupação legítima, mas é possível manter a segurança. A chave está em como você estrutura o processo. Sugiro que use ferramentas locais quando possível, evitando upload de dados sensíveis para nuvens externas; implemente protocolos de anonimização antes de processar os dados; trabalhe com IAs que atendem às normas de segurança, como LGPD, ISO/IEC 42001 e SOC 2 *; estabeleça contratos claros sobre tratamento e descarte de dados. Na prática, é questão de metodologia. O sigilo profissional e a atenção ao Código de Ética do Contador continuam sendo nosso pilar - a IA é só mais uma ferramenta, assim como a internet, o editor de texto, a planilha eletrônica, etc., que precisa ser usada de forma ética. Ainda em relação aos dados, vale destacar que, segundo a revista The Economist, os “dados são os ativos mais caros do mundo - e não o petróleo”. Esse é mais um motivo para sermos diligentes e zelosos no tratamento de dados de terceiros em nossas perícias. A tecnologia está aí, quem não se adaptar vai ficar para trás. Um estudo realizado pelo Fórum Econômico Mundial, em 2023, apontou que nos próximos anos, a IA e big data representarão mais de 40% dos programas de treinamento tecnológico realizados nas empresas pesquisadas nos Estados Unidos, China, Brasil e Indonésia. Ou seja, o “relógio do conhecimento” por IA, bem com sua aplicação prática, já começou a correr! Em perícia, quem souber “surfar essa onda” da IA encontrará um blue ocean** pela frente, pois com inteligência vai ter uma vantagem competitiva significativa em relação aos seus pares.

*LGPD : Lei Geral de Proteção de Dados
ISO/IEC 42001: norma internacional que define requisitos para um Sistema de Gestão de Inteligência Artificial (SGIA), visando garantir o desenvolvimento e uso responsável de sistemas de IA.
SOC 2: Sistema e Organização de Controle 2

**KIM, W. Chan; Mubourgne, Renée. Blue Ocean Strategy. Harvard Business Review Press; 2015.






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