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                               Por que ainda existem irregularidades na gestão do SUS? Estudo revela os fatores mais relevantes nos municípios brasileiros

"Irregularidades na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) continuam sendo uma preocupação central para gestores públicos e órgãos de controle no Brasil. Mas o que explica a persistência desses problemas, mesmo diante da criação de mecanismos de controle interno nos municípios? Um estudo publicado na Revista Enfoque: Reflexão Contábil oferece respostas inéditas ao investigar, por meio de dados empíricos, quais fatores estão associados à ocorrência de irregularidades na administração do SUS.

Conduzido por Thiago Vitor Ferreira Soares, doutorando pela FEARP/USP, o trabalho analisou uma amostra de 350 relatórios de gestão de 166 municípios brasileiros, abrangendo o período de 1999 a 2014. A pesquisa se destacou ao cruzar informações demográficas, dados sobre sistemas de controle interno (SCI) e estrutura administrativa, utilizando estatísticas descritivas e regressão logística para identificar as variáveis mais relacionadas à ocorrência de falhas na gestão da saúde.

Entre os principais achados, destaca-se que a implantação recente de sistemas de controle interno, a ausência de mecanismos de auditoria interna, o uso de sistemas contábeis terceirizados e um quadro de servidores predominantemente comissionados estão fortemente associados ao aumento das irregularidades. Municípios mais populosos e com maior arrecadação também apresentam mais falhas na gestão do SUS. Por outro lado, os SCIs com maior tempo de implantação e a presença de auditoria interna tendem a contribuir para a redução dessas ocorrências, ainda que o benefício pleno desses mecanismos só se manifeste ao longo do tempo.

O estudo demonstra que a simples implantação de controles internos não é suficiente para evitar irregularidades se não houver estruturação adequada, capacitação dos servidores e continuidade administrativa. Os resultados sugerem que, para aumentar a eficácia do controle, é preciso investir na longevidade dos SCIs, promover concursos públicos para formação de quadros efetivos e adotar sistemas próprios de gestão contábil. A pesquisa também recomenda maior atenção dos Tribunais de Contas para municípios com maior probabilidade de falhas, possibilitando ações preventivas mais assertivas e normas de fiscalização mais eficientes.

Para os gestores municipais, as evidências trazem subsídios para aprimorar a governança da saúde, reduzindo desperdícios e ampliando a qualidade do serviço oferecido à população. Ao mesmo tempo, o estudo convida a sociedade e órgãos de controle a observar criticamente não somente a presença, mas a efetividade dos mecanismos de controle nos municípios brasileiros."

Para mais informações, contate o autor: 

  • Thiago Vitor Ferreira Soares — soares.thiago@usp.br

Conheça o estudo na íntegra
O artigo completo está disponível na Revista Enfoque: Reflexão Contábil através do link: 






As informações e opiniões manifestadas neste artigo são de inteira responsabilidade dos autores, e não necessariamente refletem posições do CRCPR ou são endossadas pela entidade. 

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