"Muitas vezes, como gestores acadêmicos, nos deparamos com funções gerenciais que demandam determinadas competências em gestão acadêmica. Porém, sem a oportunidade de desenvolvê-las adequadamente durante a formação, mas sim pontualmente na prática. Por outro lado, estudiosos argumentam que o desenvolvimento de competências ocorre por meio da aprendizagem de modo natural ou intencional, formal ou informal, compreendendo habilidades cognitivas, motivação e aspectos contextuais. 

Com o objetivo de compreender os fenômenos da formação do professor-gestor e da construção dessas competências gerenciais, as doutorandas em Contabilidade no Programa de Pós-Graduação da UFPR, Rayane Camila da Silva Sousa e Paula Pontes de Campos-Rasera, e os docentes Sayuri Unoki de Azevedo e Romualdo Douglas Colauto, ambos do Departamento de Ciências Contábeis da Universidade Federal do Paraná, elaboraram o estudo “Desenvolvimento de Competências para Gestão Acadêmica em Estudantes de Doutorado”, publicado em junho de 2023, na Revista Gestão Universitária na América Latina (GUAL) da Universidade Federal de Santa Catarina.

Participaram da pesquisa 325 estudantes de doutorados acadêmico e profissional, com o propósito em analisar a percepção desses estudantes quanto ao desenvolvimento de competências para gestão acadêmica durante a pós-graduação stricto sensu. Para investigar esse objetivo, o estudo utilizou o modelo de competências profissionais com origem em sete saberes distintos: docência, pesquisa, extensão, gestão, avaliativos, interpessoais e tecnológico. Em específico, a gestão acadêmica envolve quatro competências: cognitiva, comportamental, ética e política. 

A relevância deste estudo é proporcionar conhecimento sobre adversidades e desafios que o professor-gestor se expõe durante sua gestão, além de contribuir para a elaboração estratégica de políticas organizacionais.

Um aspecto interessante revelado na pesquisa é que os doutorandos com faixa etária superior a 51 anos percebem em níveis maiores o desenvolvimento das competências cognitivas, ética e política. Por sua vez, o gênero feminino demonstrou um nível maior de percepção na competência comportamental, como habilidades que impulsionam a capacidade de resiliência e de saber ouvir o outro, além da competência política.

Outro destaque relevante é que os doutorandos de Ciências Sociais Aplicadas percebem mais o desenvolvimento de competências políticas, como habilidades relacionadas à argumentação e democracia, quando comparados a respondentes de outras áreas. Por fim, os pesquisadores evidenciam que o conjunto das habilidades relacionadas à competência ética foram as mais desenvolvidas ao longo da pós-graduação na percepção dos doutorandos. 

Sob a nossa perspectiva, investigar se os programas de doutorado estão preparando seus discentes com as competências requeridas no exercício da profissão docente é um ponto crucial para a qualidade de ensino e gestão das Instituições de Ensino Superior."