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Ciclos políticos afetam bancos? Revisão revela temas e lacunas de pesquisa

"Pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo e da Universidade Federal de São Carlos mapearam, em artigo publicado em 2025, na Revista Enfoque: Reflexão Contábil, o que a literatura nacional e internacional já produziu sobre ciclos políticos e desempenho dos bancos, no período de 2000 a 2022. O estudo, assinado por Emmanuel Marques Silva, Schleiden Pinheiro Nascimento, Andrei Aparecido de Albuquerque e Flávio Leonel de Carvalho, reúne evidências que ajudam a entender como eleições, mudanças de governo e incerteza política se relacionam com crédito, rentabilidade e risco no sistema bancário.

A pesquisa adota abordagem exploratória e descritiva, fundamentada em análise bibliométrica. Os autores utilizaram a metodologia Proknow C, com buscas nas bases Scopus e Web of Science, até chegarem a um portfólio bibliográfico de 49 artigos alinhados ao tema. O caminho começou com 2.459 estudos localizados, passou pela remoção de duplicidades, leitura de títulos e resumos e seleção pelos critérios de citações e atualidade, resultando em um conjunto considerado representativo do estado da arte

Os resultados mostram crescimento expressivo das pesquisas no assunto nos últimos anos. A produção da década mais recente, de 2013 a 2022, mais que quadruplicou em relação ao período anterior, e cerca de 30% dos artigos do portfólio concentra-se no triênio 2019-2021, momento marcado por novos episódios de crise e pela pandemia de Covid-19. O mapa de estrutura conceitual apresentado na figura 4 indica dois grandes blocos de interesse, estudos ligados a eleições e estudos focados nos efeitos sobre desempenho e economia.

A análise de coautoria por países evidencia forte presença de Estados Unidos, seguidos por Alemanha, Reino Unido e China. O Brasil aparece logo na sequência, à frente de Portugal, França, Holanda, Polônia e Canadá. Já a classificação das referências revela um conjunto de trabalhos que formam a base teórica do campo, com destaque para autores como Nordhaus, La Porta, Rogoff, Khwaja e Mian, Sapienza, Dinç e Micco. Esses estudos tratam de temas como ciclos político econômicos, participação estatal em bancos, concessão de crédito a empresas ligadas a políticos e relação da propriedade pública com o desempenho bancário.

A partir da análise de palavras-chave apoiada pelo software VOSviewer, o artigo identifica três grupos principais de pesquisa. Um deles foca eleições e comportamento de mercados acionários, com investigações sobre volatilidade de preços e reação de títulos soberanos e ações a resultados eleitorais. Outro grupo reúne estudos sobre governança bancária e conexões políticas, com ênfase em volume de empréstimos de bancos estatais e de desenvolvimento, interferência governamental na gestão e efeitos de vínculos políticos na rentabilidade e no risco. O terceiro grupo discute a estrutura de propriedade dos bancos e a incerteza política e econômica, examinando temas como lucro, desempenho, estabilidade e impacto de mudanças regulatórias.

O mapeamento de tendências mostra que descritores como “bank”, “political”, “performance” e “countries” aparecem com maior frequência, ao mesmo tempo em que termos relacionados a “financial”, “credit”, “effect”, “returns” e “crisis” ganham espaço a partir de 2020, sinal de que estabilidade financeira, crises e qualidade do crédito vêm ganhando peso nas agendas recentes. A partir desses achados, os autores sugerem pistas que orientem novas pesquisas, como explorar de forma comparativa diferentes modelos de governança bancária, examinar relações que conectem volume de crédito com crises econômicas e testar evidências em economias em desenvolvimento, nas quais bancos públicos e privados convivem com fortes desafios de risco político.

O estudo conclui que a literatura sobre ciclos políticos e desempenho dos bancos já apresenta massa significativa de evidências, mas ainda guarda espaços relevantes a investigações futuras, em especial em contextos fora dos grandes centros que dominam a produção atual. O portfólio de 49 artigos funciona como ponto de partida a pesquisadores interessados em aprofundar o tema, formular novos modelos empíricos e dialogar com debates sobre crédito, estabilidade financeira e políticas públicas."

Para mais informações, contate os autores

Conheça o estudo em Revista Enfoque: Reflexão Contábil:

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