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Sucessão em empresas familiares foi o tema do primeiro painel do XENMC




Por Adriana Magalhães - Comunicação CRCPR

A programação do X Encontro Nacional da Mulher Contabilista, na tarde deste dia 13, teve início com o painel Governança e Sucessão em Empresas Familiares, que contou com a participação de Ana Maria Elorrieta, membro do Conselho da International Federation of Accountants Board (Ifac); Sâmia Msadek, diretora de Prática Global de Governança do Banco Mundial; e Manoel Knopfholz, sócio-majoritário da Meca Assessoria, Capacitação e Treinamento Empresarial e Educacional. A moderação do painel foi de Nilva Amália Pasetto, coordenadora da Comissão da Mulher Contabilista do Estado do Paraná.









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Ana Maria Elorrieta declarou que encontros como este têm o papel de provocar as mulheres para que sejam cada vez mais atuantes e participativas e façam cada vez mais a diferença. Segundo ela, discutir a questão das empresas familiares no Brasil e na América Latina é muito importante porque a grande maioria das empresas atuantes no mercado contábil é familiar. Ela citou uma pesquisa da PriceWaterhouseCoopers (PWC), do ano de 2014, segundo a qual 79% das empresas brasileiras que responderam ao questionário afirmaram ter crescido nos últimos 12 meses e 66% esperavam crescer nos próximos cinco anos.

Falando especificamente sobre a questão das empresas familiares, perguntou aos participantes quantos conheciam proprietários de empresas familiares, ao que a quase totalidade respondeu afirmativamente. Já a continuação da pergunta – quantos conheciam empresas que tinha chegado à segunda ou terceira geração, poucos levantaram as mãos. Segundo Elorrieta, 7% desaparecem ao passar para a segunda, mas apenas 4% ultrapassam a quarta geração. Ela apontou como principais causas a venda do negócio, perda de interesse da família, desafios imprevisíveis, mudanças no setor, oportunidades perdidas, má gestão e problemas de sucessão.

Elorrieta finalizou comentando o que as famílias bem sucedidas fazem para lidar com esses desafios, destacando a separação entre assuntos da família e da empresa, a definição de bons mecanismos de governança corporativa, definição clara de regras da família, especialmente os limites entre família e empresa e, por fim, o estabelecimento de mecanismos de solução de conflitos.

Questões sociais globais

A segunda painelista, Sâmia Msadek, que nasceu em um país árabe, a Tunísia, pontuou os inúmeros desafios que teve que vencer para se estabelecer profissionalmente – entre os quais “por ser uma mulher no mundo árabe, em um país em desenvolvimento”. A seguir, convidou os participantes a imaginar o impossível: “um mundo sem mulheres”.
“Se olharmos para os primórdios da humanidade, veremos que, na antiguidade, diversos povos elevavam as mulheres à categoria de divindades”, citando Afrodite e Artemisa, pois os homens reconheciam, naquele tempo, o papel da mulher de gerar a vida.

Nas sociedades modernas, em que as mulheres lutam em todas as partes do mundo para resgatar essa valorização que ficou para trás em algum momento da história, expôs ao público um pouco de sua experiência no banco mundial relatando alguns importantes números sobre a desigualdade e a missão da instituição em fomentar o desenvolvimento ao redor do planeta em prol da erradicação da pobreza extrema, destacando importantes avanços obtidos na região da América Latina nos últimos seis anos, reduzindo os índices de pobreza extrema de 30 para 20%.

Como grande desafio para a continuidade desse avanço, indicou a questão da igualdade entre os gêneros, destacando que, em muitos países da região, os salários das mulheres chegam a ser 60% dos salários dos homens que desempenham a mesma função. Outra questão importante que, segundo ela, precisa ser equacionada é o acesso da mulher ao crédito, que em geral é mais difícil que para os homens, assim como ao treinamento e capacitação.

Especificamente para os profissionais da contabilidade, chamou a atenção para os efeitos da globalização sobre a profissão e citou Albert Einstein: “Nem tudo o que pode ser contado conta, nem tudo o que conta pode ser contado”. Segundo ela, isto quer dizer que o aspecto qualitativo da formação profissional não pode ser relegado a um segundo plano. O profissional da contabilidade ou de qualquer outra área que queira fazer a diferença precisa se manter atualizado e atento ao que está acontecendo não apenas ao seu redor, mas em todo o mundo, pois uma coisa que acontece em um lugar, no mundo globalizado, afeta o que acontece em qualquer outra parte.

Negócio de família x negócio da família

Manoel Knopfholz, que tem assessorado inúmeras famílias em seus processos sucessórios trouxe uma abordagem mais didática ao tema, que tanto afeta a classe contábil, já que a grande maioria das empresas do segmento em algum momento se defronta com essa questão.

Ele pontuou um dos principais problemas que afeta esse processo, o desafio de trabalhar com o coração e a cabeça, ao contrário de um negócio nas mãos de um investidor profissional, que trabalha só com o lado racional.

As empresas que estão sendo bem sucedidas tem investido cada vez mais na profissionalização, desenvolvimento de mecanismos de governança corporativa, estabelecimento de regras de família (questões acionarias, limites claros entre família e empresa, protocolos familiares, mecanismos de resolução de conflito, entre outros.
Para ele, é preciso estabelecer um novo paradigma, o das famílias empresárias. “Empresa familiar é igual a problema anunciado. Os problemas acontecem na intersecção dos três grandes ativos envolvidos na questão: patrimônio, família e empresa, que constituem um verdadeiro Triângulo das Bermudas. No Brasil 67% das falências de empresas ocorrem por brigas na sucessão”, disse.

“Por isso é imperativo separar os negócios de família, aqueles viram brigas no almoço de domingo, do tipo Caim matou Abel, que podem evoluir para a extinção da empresa, dos negócios da família – a empresa, as propriedades. Nós, como profissionais que assessoramos esses processos, devemos ajudar os membros da família a sentir que pertencem ao grupo, mesmo que não participem profissionalmente na empresa, mostrando a diferença entre um herdeiro e um sucessor. O herdeiro acionista tem que ser preparado para, mesmo não atuando na empresa, saber ler um balanço e entender porque outro herdeiro ganha mais do que ele”.

Encerrou lembrando que o fundador da empresa muitas vezes esquece que não é imortal e citou alguns exemplos de empresários que foram bem sucedidos ao iniciar o processo de transição quando estavam no auge de sua vida profissional.