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Professores de contábeis participam de fórum do CRCPR sobre o uso de metodologias ativas de aprendizagem

Uma Reflexão Sobre o Papel do Educador e Metodologias Ativas foi o tema discutido no Fórum de Professores de Ciências Contábeis do CRCPR, na manhã desta segunda-feira, 30. Como esperar que indivíduos com um universo à disposição 24 horas por dia, na palma da mão, interagindo o tempo todo no meio digital, estejam dispostos a permanecer por horas a fio sentados em uma sala de aula, apenas ouvindo as tradicionais aulas expositivas a que inúmeras gerações do mundo analógico estavam acostumadas? Esta preocupação aflige – ou deveria – 10 entre 10 educadores e, certamente, está no rol de prioridades dos 40 participantes, representando diversas faculdades de Curitiba, interior do Paraná e de Santa Catarina. O evento foi organizado pela






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Comissão de Coordenadores e Professores de Cursos de Ciências Contábeis, sob a coordenação da professora Luci Michelon Lohmann, que desde 2004 leciona na graduação em Ciências Contábeis da PUC-PR, em cursos de especialização e também coordena as pós-graduação em Gestão Estratégica de Custos & Negócios da universidade.

Após recepcionar os participantes e agradecer o empenho da comissão, que tem como coordenador adjunto o conselheiro efetivo do CRCPR, contador Alberto Barbosa, e aos funcionários do CRCPR na realização do evento, Luci convidou a primeira palestrante, Rosane de Mello Santo Nicola, professora (PUCPR), membro do CrEAre – Centro de Ensino e Aprendizagem da PUCPR –, setor responsável pela formação continuada dos docentes da instituição e doutoranda em Educação, para conduzir a discussão sobre o tema Metodologias Ativas de Aprendizagem: possibilidades na Formação inicial do Bacharel em Ciências Contábeis.







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Ao falar dos desafios atuais da educação superior, Rosane fez referência às sete habilidades ausentes aos alunos dos cursos superiores da área de tecnologia segundo o professor David Goldberg, da universidade de Chicago, Illinois, EUA, as quais se verificam também em estudantes de outras áreas e pelo mundo afora, e que constituem um grande desafio a ser vencido pelos educadores na atualidade: a capacidade de fazer boas perguntas; de reconhecer objetos e processos; de compreender fenômenos e elaborar modelos quantitativos; de dividir problemas complexos; de identificar grandezas e fazer medições; de representar fenômenos e relações; e de expressar ideias, conceitos e resultados. "No ensino de ciências contábeis, os desafios não são diferentes", pontuou.

Já entrando na questão da metodologia de aulas, convidou os participantes a uma série de reflexões. “Quem detém a palavra na maior parte do tempo, nós ou os alunos? As tarefas que propomos demandam raciocínio próprio ou os estudantes devem apenas seguir procedimentos já propostos em situações semelhantes?", questionou. Neste ponto citou como alternativas metodologias já consagradas como peer education, em que os alunos aprendem uns com os outros, e o professor atua como um mentor. "A participação dos estudantes é fundamental para a condução de nossas aulas ou elas fluiriam da mesma forma sem ela?", prosseguiu. Quanto à dispersão da atenção dos alunos devido ao uso de smartphones em sala de aula, outro desafio que os professores enfrentam atualmente, Rosane propôs que eles passem a ser usados como aliados: compartilhou táticas para envolver os alunos, tais como, em sala, solicitar que realizem pesquisas sobre o tema abordado e compartilhem as informações complementares com os colegas, além de interagir com os alunos por meio de aplicativos específicos, tais como o Socrative, ferramenta que auxilia os processos de aprendizado ativo, ajudando o professor a envolver os estudantes, e que fornece avaliação imediata das atividades realizadas.

Disrupção e o novo papel do professor

A segunda palestra apresentada foi Inovação no Ensino Superior na Era da Disrupção – A Importância do Novo Papel do Professor, do Ensino Hibrido e das Metodologias Ativas, pela por Katia Ethienne Esteves dos Santos, pedagoga doutoranda em Educação na PUCPR, que coordena o Ensino à Distância na Universidade Positivo e é professora convidada em cursos de pós-graduação na PUCPR.







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Kátia iniciou sua apresentação propondo atividades em grupos e em duplas, demonstrando situações que geram envolvimento da audiência no processo de aprendizado. A seguir, contextualizou o momento atual da educação com alguns dados impactantes, como os do relatório State of Connectivity 2015, A Report on Global Internet Access, preparado por uma entidade não governamental (internet.org) mantida pelo Facebook, segundo o qual, ao longo dos últimos 10 anos, a quantidade de pessoas conectadas à internet vem aumentando à proporção de 200 a 300 milhões ao ano. O relatório informa ainda que no fim de 2015, cerca de 3,2 bilhões de pessoas já estavam conectadas. Ao falar sobre as mudanças no cenário da educação, fez uma analogia com a substituição da tecnologia do barco a vela pela do barco a vapor: “A tecnologia chegou. O mundo mudou. O tempo que a mercadoria e as pessoas levavam para chegar ao destino com um barco a vela passou a ser muito grande quando surgiu o barco a vapor. Mas a substituição não aconteceu de um dia para o outro. O barco a vapor foi sendo adotado gradualmente. Muitas tentativas, muitos projetos, muitas experiências, muitas coisas que funcionaram, outras não... vamos deixar os dois sistemas por enquanto... A mesma coisa acontece na educação. Vamos fazer uma aula com metodologias ativas, mas eu também vou ter os meus 15 minutos para exposição, para fazer um fechamento da aula. E o “barco” vai navegando”, disse, reproduzindo na fala o movimento das ondas do mar: “Eu uso a vela... eu uso o motor. Eu uso a tecnologia... eu uso a fala. Eu uso papel... eu uso o Socrative no celular. Até chegar o momento em que todos vamos estar no barco a vapor”, comparou. “Este é o momento em que estamos. Não tem como dizer que a partir de hoje vai ser tudo metodologia ativa. Momento de refletir sobre a nossa prática e descobrir como colocar motorzinhos a vapor no nosso dia a dia”, ponderou.

Como Rosane, Katia falou também sobre quem é o protagonista no aprendizado. “Uma parte da responsabilidade é nossa, no planejamento, na organização, na questão do empoderamento – porque nós somos os líderes que vão empoderar os alunos – e outra parte é do nosso aluno, aquele que pegou o celular e foi pesquisar, daquele que liderou o grupo na atividade proposta. Essa questão do empoderamento e do protagonismo está muito em voga, mas não é unilateral. Só haverá o aluno protagonista e empoderado se eu também o for como professor”, refletiu. Quanto a tendências para a educação, segundo ela, pesquisas indicam que a tendência no curto prazo – até dois anos – é que cada vez mais parte do conteúdo seja abordada e desenvolvida de forma presencial e parte seja trabalhada online. Outra tendência é a intensificação da aprendizagem colaborativa. “Se você está trabalhando online, aumentam as chances de haver a colaboração com outras pessoas, em outros lugares, que também estejam trabalhando online”, explicou.

O fórum terminou com uma mesa redonda em que as palestrantes e os participantes puderam trocar experiências e esclarecer dúvidas sobre os temas abordados.