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Pipoqueiro Valdir revela segredos de seu sucesso em palestra no CRCPR

Um sonho, muita persistência, boas estratégias e quase nenhum dinheiro. Assim começou a história de sucesso da Pipoca do Valdir, hoje conhecida nacional e internacionalmente. Na manhã de quarta-feira, 11 de maio, mais de 150 pessoas vieram ao CRCPR para conhecer os segredos do ambulante que transformou seu carrinho de pipocas em um "case" de empreendedorismo e alçou um ex-trabalhador rural ao posto de um dos mais requisitados palestrantes do país.






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"Saí de São Mateus do Sul (Sudoeste do Paraná), onde estudei só até a quarta série e trabalhava como boia fria para ajudar em casa. Vim para Curitiba atrás do sonho de dar mais qualidade de vida à minha família. Trabalhei como lavador de carros e numa banca de jornal na Praça Rui Barbosa. Foi ali, observando os vendedores ambulantes, que nasceu o sonho de ter um carrinho de pipoca", contou Valdir Novaki, que tinha como objetivo ser reconhecido como o melhor pipoqueiro de Curitiba, e hoje já é saudado por publicações na área de negócios como o melhor do Brasil.

"Foram 14 anos de espera só para conseguir o alvará da prefeitura. Existem ao redor da cidade pontos fixos onde é permitido o comércio de ambulantes e uma licença nova só é concedida quando alguém desiste ou perde o ponto", contou. Mas assim que recebeu a licença, raspou suas economias – R$ 4.600,00 – e encomendou logo o melhor modelo de carrinho de pipoca disponível no mercado. Afinal, queria ser o melhor. Enquanto o carrinho era confeccionado, foi atrás de capacitação, participando de cursos de manipulação de alimentos. "Embora não considere a limpeza e higiene como um diferencial, no mercado de vendedores ambulantes, isso acaba sendo", revela. "Meu carrinho é todo feito em alumínio e fórmica,







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para facilitar a limpeza. Mas para ter certeza de que o freguês percebe essa minha preocupação com a higiene, tive a ideia de mandar bordar os dias da semana no jaleco, assim dá para ver que eu troco de uniforme todo dia. Depois veio a ideia do kit de higiene – começou com guardanapo, bala de menta e palito de dente embalado, depois passou para fio dental –, pois observei que o freguês não tem onde limpar as mãos depois de comer a pipoca".

Como atrair a freguesia

Logo de início, Valdir percebeu que ter um bom ponto – Praça Tiradentes, bem no centro de Curitiba –, oferecer um produto de qualidade, feito com toda a higiene e as melhores matérias primas – desde o começo só usa marcas líderes de mercado, milho argentino, que não deixa casquinha dura presa entre os dentes, óleo de girassol, bacon tipo exportação, etc. – não era suficiente para as pessoas escolherem comprar pipoca em seu carrinho. Depois de amargar vendas de apenas 17 saquinhos na primeira semana e 20 na segunda, partiu para uma pesquisa de mercado: "observei que o movimento da concorrência era principalmente de pessoas que circulam todos os dias pela praça. Aí mandei fazer convites personalizados e, antes de abrir o carrinho, comecei a circular pelas grandes lojas da região e oferecer esses convites, que davam direito a uma pipoca grátis, aos vendedores mais atenciosos, dois ou três de cada loja. Em 15 dias já tinha fila no meu carrinho nos horários de intervalo para lanche dessas lojas", relata.

E foi assim, de inovação em inovação, investindo religiosamente 30% de sua receita em melhorias e divulgação, que Valdir começou a chamar a atenção de empresários e consultores na área de gestão. A atuação como palestrante começou pelas mãos de um consultor do SEBRAE, mas foi sendo alavancada por mídia espontânea, primeiro por matérias em veículos especializados em gestão e recursos humanos. Depois, nos de interesse geral. "Quando saiu a matéria na Veja, minha agenda ficou lotada por mais de um ano", comemora. Outro marco em sua carreira como palestrante foi a participação no programa da Ana Maria Braga. Mais recentemente, a Pipoca do Valdir mereceu uma reportagem com mais de cinco minutos de duração no programa Fantástico.

Atualmente, o carrinho é operado por sua esposa, seu filho e sua nora. "Comecei tendo como referência o padrão McDonalds, mas hoje acho que eles têm até algo a aprender comigo, pois em meu carrinho a pessoa que recebe o pagamento e dá o troco não manipula a pipoca e, depois de pagar, o freguês recebe álcool gel para higienizar as mãos antes de comer", ensina. "Já são mais de 140 inovações implementadas em um carrinho de um metro quadrado", costuma alardear, destacando o cartão fidelidade – a cada cinco pipocas, a sexta é grátis e a venda antecipada – o cliente paga 10 e ganha duas grátis – que garante o movimento do carrinho mesmo nos dias distantes da data de pagamento dos salários dos clientes habituais.

"Durante a Copa, viramos até ponto turístico." A prefeitura colocou a parada da linha Turismo da Praça Tiradentes próxima ao carrinho e Valdir correu para se preparar para atender os turistas estrangeiros: "Aprendi a vender pipoca em inglês e espanhol", empolga-se.

Palestras, ele já fez em algumas das maiores empresas do país – a lista inclui Microsoft, Petrobras, Makro, o Boticário, Bradesco, Santander, Itaipu, Toyota, Serasa Experian, Unimed, Sage, Vivo, Burger King entre tantas outras, e frequentemente recebe sondagens quanto à disponibilidade de franquias, tendo sido consultado até por interessados de outros países. "Ainda não", costuma dizer. Mas mesmo com todo esse sucesso, a divulgação não para. A Pipoca do Valdir tem site, Facebook e Instagram. "Além disso, todo mês faço um anúncio de página inteira para promover minhas palestras na revista da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH)".




Pipoca socialmente responsável

Em um dado momento, quando a Pipoca do Valdir já tinha começado a proporcionar uma situação mais confortável para sua família – incluindo casa própria para si e para sua mãe –, Valdir decidiu que era hora de retribuir à sociedade. Sua primeira ação foi a distribuição de pipoca aos idosos do Asilo São Vicente de Paula. "Depois de distribuir a pipoca aos idosos, que são abandonados pelas famílias, realizamos a venda aos visitantes e toda a renda é revertida para as obras assistenciais da instituição". Com o sucesso da ação, outras entidades manifestaram interesse e hoje o Valdir participa também dos eventos do Pequeno Cotolengo, que abriga crianças com deficiência abandonadas pelas famílias ou em situação de risco. "Trabalhamos da mesma forma que no asilo: distribuímos pipoca para as crianças e depois vendemos para as pessoas que participam dos almoços beneficentes, revertendo a renda para os projetos do Cotolengo".

Inovações seguem pipocando

A próxima inovação da Pipoca do Valdir já está pronta para ir para a praça: o primeiro carrinho de pipoca ecológico do Brasil. “É um carrinho elétrico, equipado com painéis de energia solar no teto. Também teremos uma TV de LED para o freguês assistir o noticiário enquanto aguarda sua pipoca fresquinha. Além disso, ofereceremos wi-fi grátis. Ao fazer o pagamento, o freguês receberá a senha e poderá utilizar enquanto aguarda ou come a pipoca perto do carrinho”.

Valdir prepara também o lançamento de embalagens diferenciadas – pipoca sobremesa, em caixas menores e mais baratas, embalagem que mostra onde começa o famoso “chorinho” (porção extra), embalagem para presente, fechada, com etiqueta “De-Para”, embalagem extra, para quem acha que uma porção é pouco, e box, com capacidade equivalente a três porções, para compartilhar.

“Quando o carrinho ecológico entrar em operação, a nave original (apelido carinhoso que ele deu para o carrinho onde tudo começou) vai ser exclusiva para as ações sociais. Temos sido procurados por muitas entidades e estamos treinando voluntários para atender essa demanda, fazendo tudo igualzinho ao que fazemos lá na praça”.






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No fim da palestra, o presidente do CRCPR, Marcos Rigoni, saudou Valdir pelas lições de empreendedorismo que proporcionou a todos os participantes.





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Já o vice-presidente de Administração e Finanças da casa, Laudelino Jochem, disse que conhece o Valdir há muito tempo e que procura adaptar suas ideias à realidade de sua empresa contábil.



Depois de revelar seus segredos – qualidade, bons fornecedores, estrito controle de custos, inovação constante e foco no cliente, cujo valor não é a venda de hoje, mas os cerca de R$ 18 mil que cada freguês fiel tem o potencial de agregar ao seu negócio no longo prazo – Valdir fez questão de ficar na porta do auditório, despedindo-se de cada participante com calorosos sorrisos, abraços e apertos de mão.





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Um a um, Valdir cumprimentou os participantes calorosamente na saída do auditório.





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Também reservou tempo para tirar fotos com os participantes.