Palestras e debates sobre o futuro dos serviços contábeis agitaram a programação do 3º Enescopar
A programação do dia 4 de março do 3º Encontro das Empresas de Serviços do Paraná - Enescopar - foi marcada por calorosas discussões sobre os desafios da Contabilidade para 2016/2030, Psicologia Positiva Corporativa, Segurança da Informação.
Edgard Cornacchione, professor titular da FEA/USP, pesquisador, abriu as atividades do segundo dia, falando sobre o futuro, pautado pelo tema "Muito além dos números: os desafios para a contabilidade 2016/2030". O professor propôs uma reflexão aos empresários de serviços destacando três pilares: Tecnologia, Inovação e Gestão. "Nossa transformação social impacta e muito a do mundo dos negócios. O modelo 3M (man, money, machine) de pessoas, capital e tecnologia é sistematicamente transformado. Nossas conexões físicas dão espaço para virtuais", advertiu, citando que perto de 3 bilhões de pessoas estarão conectadas até o final desta década.
Considerada a maior autoridade em Direito Digital do Brasil, Patricia Peck falou sobre a importância de identificar e prevenir os riscos digitais nas empresas. Abordou mudanças recentes em termos de governança corporativa e compliance, leis e regulamentações, como Marco Civil da Internet e o decreto do e-commerce, e apresentou estudos de casos destacando necessidade de as empresas educarem executivos e colaboradores para uso ético, seguro, saudável de novas tecnologias, a fim de proteger os ativos intangíveis, tão valiosos na sociedade digital, tais como marcas e bancos de dados, para resguardar a reputação e o patrimônio empresarial. "A gente só tem segurança protegendo o conhecimento", salientou.
No período da tarde, a programação prosseguiu com um painel sobre os desafios enfrentados pelos empresários contábeis ante as estratégias da Receita Federal do Brasil e da Receita Estadual do Paraná. Mediado pelo presidente da Fenacon, Mário Elmir Berti, o debate contou com a participação do auditor fiscal da Receita Federal, Jonathan José Formiga Oliveira, e do auditor fiscal da Receita Estadual, Gilberto Calixto.
A simplificação dos processos foi o foco da apresentação de Calixto, que citou ações realizadas pela Receita Estadual como o Projeto NAF – Núcleo de Apoio Contábil Fiscal – que conta com a participação de diversas entidades, dentre as quais, o SESCAP-PR, Conselho Regional de Contabilidade (CRCPR), e Sincontábil, que propicia a preparação do contador. "A redução da burocracia também é uma de nossas bandeiras. Estamos do mesmo lado do jogo. Tenho grande admiração pelos contadores pela importância do trabalho efetuado para o fisco e o governo. É o elo de ligação entre contribuinte e o fisco", frisou.
E além das ações implantadas para a desburocratização dos procedimentos, Calixto anunciou alguns projetos que devem ser implantados em breve pela Receita, como o uso do CNPJ eletrônico para acesso ao órgão; modernização das consultas; a legislação na página pública da Receita e o pedido de inscrição pela Redesim, em parceria com a Junta Comercial. O auditor ainda citou alguns desafios para 2016, como a ampliação da arrecadação de receitas tributárias, da captação de receitas não tributárias; a redução das despesas e a ampliação a capacidade de investimentos.
Jonathan Oliveira definiu a contabilidade como uma das profissões mais complexas e imprescindíveis para os negócios que envolvem agentes públicos e privados. Citou como ação a prevalência das rotinas de malhas fiscais da RFB. “Por isso é fundamental que os profissionais fiquem atentos ao processo e evitem casos de inconsistências e inconformidades. E ainda peço que acreditem no futuro, pois os processos serão muito melhores que agora”, destacou.
Os participantes ainda puderam esclarecer dúvidas que foram respondidas pelos painelistas.
Novos Paradigmas
A plateia do 3º Enescopar ficou empolgada com o talk show que discutiu os novos modelos de negócio. Mediado pelo coordenador estadual do projeto Startups do Sebrae Paraná, Rafael Tortato, o debate apresentou exemplos reais e atuais de inovação e estratégia, implementados ou em fase de implementação no Estado.
Ricardo Dória, fundador da Aldeia Coworking e cofundador d’A Grande Escola, destacou que, com a renovação do mercado e das exigências, o mais essencial é entender a necessidade do seu cliente. “Precisamos inovar e fazer validações no mercado. É preciso entender a necessidade do mercado e isso é uma batalha entre o que eu (empreendedor) acredito e o que eles (clientes) esperam. Ou preciso aliviar a dor ou atender a uma necessidade” , destacou. Além disso, falou da importância de agregar diferenciais aos produtos ou serviços ofertados pelas empresas. “Gosto de ver valor antes de inovar. É o que difere aquilo que nos faz humanos superpoderosos
do que aquilo que a máquina faz. Se dá bem a pessoa que entende o valor humano, que a máquina não substitui”, afirmou ao falar da necessidade de disciplina para colocar a inovação em prática.
As pessoas são o negócio
Guilherme Krauss, cofundador d’A Grande Escola e head de Planejamento e Inovação da Gazeta do Povo, salientou que o sucesso dos novos modelos de negócios é ligado diretamente ao cliente, à personalização. “Qualquer produto só existe porque alguém o consome. As pessoas são o motivo da existência e geram a sua existência”, disse.
Krauss ainda citou a teoria da inovação disruptiva, para enxergar além das possibilidades. “O processo de inovação só cessa com a morte e, neste caso, para quem morreu, pois para os outros continua. A inovação é o que fazemos parta acompanhar o ritmo do mundo, para não ficar pra trás”, definiu.
Ouça seu cliente
Renato Amaral, cofundador da plataforma Smart Process (controle inteligente de processos), falou sobre a importância de
Renato Amaral, cofundador da plataforma Smart Process, e Rafael Tortato, coordenador estadual do projeto Startups do Sebrae Paraná
acreditar em parceiros que complementem suas ideias, para garantir um conhecimento multidisciplinar e a complementação de habilidades. "Seu cliente escolhe o que vai precisar fazer primeiro e você precisa ouvi-lo. E empreendedorismo é uma vocação", afirmou.
E, segundo ele, as empresas devem investir em equipes específicas para que discutam a inovação. “Dentro de uma empresa, é preciso criar uma equipe de pessoas que trabalhem junto e implementem as inovações. Por isso, também é fundamental desburocratizar. As pessoas precisam testar, ter direito de errar até que fique o produto ou serviço pronto para apresentação no mercado”, acrescentou.