"Aproxima-se 25 de Abril, o Dia do Profissional da Contabilidade, e alguns podem se perguntar: diante desse pesadelo coletivo mundial provocado pela pandemia de Covid-19, nós devemos comemorar o nosso Dia?
Sim, devemos! E vou dizer por quê.
A atribuição oficial desta data aos contabilistas, assim chamados antigamente, remonta ao início do século XX, tempo em que a classe lutava para se organizar, para se impor enquanto categoria profissional com atribuições privativas e indelegáveis, para se consolidar como uma ciência social aplicada aos negócios. Nossos bravos precursores, na época, não mais toleravam a falta de organização e até um certo grau de informalidade em uma atividade profissional tão antiga quanto essencial.
Devemos comemorar porque os pioneiros da classe lutaram e conseguiram estabelecer a organização e a dignidade da profissão.
É justo que celebremos o nosso orgulho dessas primeiras conquistas e de várias outras vitórias que foram se somando à história da profissão contábil brasileira e tornando-a cada vez mais forte, dinâmica, insubstituível. Essas características, atualmente, nos fornecem suporte suficiente contra uma série de desafios e transformações que estão ocorrendo no mundo do trabalho e das profissões por causa da tecnologia.
As vitórias que alcançamos até hoje não foram frutos de atos heroicos e fabulosos, mas, sim, conquistadas no dia a dia, em persistentes batalhas. São vitórias do esforço diário daqueles que um dia exerceram e dos que hoje exercem a profissão com ética, diligência, seriedade, integridade, transparência, respeito, dedicação e, principalmente, com amor.
Temos que comemorar o nosso Dia, sim, porque fazemos parte de uma nação composta por mais de meio milhão de profissionais que não fogem à luta. Somos parceiros dos negócios e dos empreendedores. Somos parceiros uns dos outros.
Porém, pagamos um preço por realizar um trabalho considerado essencial. Nestes dias sombrios, cobertos pela ameaça de uma doença que parece a todos espreitar, quando muitos tiveram, forçosamente, que parar de trabalhar, nós tivemos que seguir em frente.
O Brasil precisa das nossas informações, dos nossos números, do nosso conhecimento. O País precisa que trabalhemos, mesmo em casa, da forma que for possível e com as ferramentas que estiverem disponíveis.
Também por isso devemos comemorar o nosso Dia. Somos essenciais ao País.
Nossa tarefa não tem sido muito fácil. Lidamos, no dia a dia, com toda sorte de problemas. Enfrentamos angústias diante de sistemas governamentais muitas vezes inoperantes. Vivemos mergulhados em uma enxurrada de atos normativos e obrigações acessórias que jorra continuamente dos órgãos da administração pública. Somos forçados a encontrar clareza e entendimento diante das dúvidas da legislação. Temos que encarar, diariamente, o imenso desafio de não podermos errar na interpretação das normas expedidas pelos governos municipais, estaduais e federal, para não prejudicar os clientes. E por aí vai a lista de dificuldades com as quais nos deparamos no exercício da atividade contábil.
Mas sabemos bem que a nossa profissão exige um capital intelectual proveniente de elevado grau de conhecimento técnico. Como se isso não bastasse, é vital para os profissionais da área que esse conhecimento adquirido seja permanentemente atualizado, sob pena de se tornar obsoleto em pouco tempo. Assim, aprendemos que aprender é a lição diária.
Além disso, hoje compreendemos também que a resiliência, a tolerância e a transigência são necessárias, mais do que nunca, para o nosso trabalho e para as nossas vidas, lá onde o mais importante é o que conta.
Mesmo em meio às dúvidas que os dias pós-pandemia nos reservam, convido cada um dos colegas a olharem para a contabilidade com a devida relevância que ela tem para a estabilidade e o desenvolvimento do País.
E, motivado pelo orgulho da profissão que abracei, torço para que a essencialidade do nosso trabalho e a beleza da nossa história afastem qualquer dúvida sobre os motivos que temos para comemorar neste 25 de Abril.
Parabéns a todos os Profissionais da Contabilidade."