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Morre Boluca, aos 84 anos

Morreu, aos 84 anos, o ex-jogador de futebol, radialista, advogado e jornalista, Boleslau Sliviany, mais conhecido como Boluca, apelido ganho no meio esportivo. Nascido em 11 de fevereiro de 1931, em Curitiba, de ascendência polonesa, deixa a esposa Iracema, com quem viveu 54 anos; o filho Mariano, a nora Ione, a neta Maria Gabriela e uma legião de amigos e admiradores.

Nos últimos anos, sua saúde havia se debilitado bastante e, mais recentemente, sofrera um Acidente Vascular Cerebral (AVC), permanecendo dias internado em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) até o desfecho fatal, na última segunda-feira, 27. Foi enterrado no Cemitério Municipal de Curitiba.









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Auditório do CRCPR batizado com seu nome: na homenagem, em 2010, Boluca é saudado pelo presidente do CRCPR, Paulo Caetano, e acompanhado da esposa Iracema Frogel Sliviany, do filho Mariano, sua esposa Ione, e da neta, Maria Gabriela.






Quase meio século no CRCPR

Boleslau Sliviani vai ser lembrado para sempre no Conselho Regional de Contabilidade do Paraná, onde trabalhou 46 anos. Por iniciativa do então presidente da entidade, Paulo Caetano, em 18 de março de 2010, foi homenageado dando nome ao grande auditório do Conselho. “Esse homem de múltiplos talentos nos deu a honra de seu saber e da sua amizade. O seu nome ficará gravado eternamente entre nós”, disse Caetano na ocasião.

Obcecado pelo trabalho, permaneceu no CRCPR até os 82 anos, só parando porque a saúde não ajudava mais. Em março de 2013 disse adeus à sua máquina Olivetti – segundo ele, muitas vezes superior ao computador. Não houve quem o convencesse a usar um.

Seus talentos não se limitavam, pois, à habilidade com os pés. Revelou-se craque também com as palavras, ideias, conceitos, como jornalista e advogado: no CRCPR, atuou também como assessor de imprensa. Como advogado, participou da consolidação legal e institucional da entidade, assessorando 14 presidências. Entre os conselheiros era reconhecido pela vasta cultura e pela eloquência. Foi muitas vezes aplaudido em eventos, ao discursar, e durante o Congresso Brasileiro de Contabilidade, em Salvador, defendeu a transformação do sistema CFC-CRCs em autarquia, tese vitoriosa anos depois.


Depoimentos

“O Boluca sempre foi muito querido e respeitado por todos. A história do CRCPR tem muito dele!”, exclama emocionada a presidente do CRCPR, Lucelia Lecheta. “Foram décadas de convivência com ele e a admiração pelo profissional e pelo amigo só aumentava a cada vez que eu o encontrava”, reforça o vice-presidente, Marcos Rigoni de Mello.

O diretor superintendente do CRCPR, Gerson Borges de Macedo comenta: “Convivi com o Boluca durante quase 20 anos. Era uma pessoa dócil e sempre pronta a ajudar a quem dele precisasse. Nunca o vi negar ajuda a alguém. Profissional inteligente e competente a qualquer prova. Sua morte encheu de saudades o nosso CRCPR”.

Resgatam igualmente lembranças enaltecedoras da grande personalidade, ao mesmo tempo rica e singela, que foi o Boluca, os ex-presidentes do CRC, Antônio Carlos Dóro, Nelson Zafra, Maurício Smijtink e Paulo Caetano. O diretor operacional e presidente do Sicontiba, Hugo Catossi, que mais conviveu com ele, acrescenta: “o Boluca foi uma das melhores pessoas que já trabalharam no CRCPR e que tive a honra de conhecer. Era de um humor peculiar, sempre alto astral, adorava bater um papo, principalmente se fosse sobre jornalismo e o Atlético Paranaense. Acho que uma das suas melhores virtudes era justamente se dar bem com todos a sua volta. Discursava como ninguém e tinha um texto incomparável: com certeza, era um dos melhores advogados e jornalistas do Paraná”.

Os depoimentos sobre sua personalidade ímpar encheriam páginas.


Paixão pelo futebol

A grande paixão do Boluca talvez tenha sido o futebol – esporte que ele definia como uma arte e não uma ciência, debochando dos inventores de regras, fórmulas, esquemas... Começou a jogar profissionalmente, aos 14 anos, pelo Poty do Batel, passando para o Juventus, depois para o Clube Atlético Paranaense, pelo qual foi campeão estadual em 1958, e por fim pelo Palestra Itália. O número 14, a propósito, tinha para ele um simbolismo especial: jogou durante 14 anos e fez 14 gols. Ele se divertia teorizando sobre isso. Parou de jogar aos 28 anos, quando, concluído o curso de Direito, passou em um concurso para assessor jurídico do CRCPR.

Deixou os gramados, mas manteve o amor ao futebol, tendo sido narrador e apresentador de programas esportivos nas rádios Tingui, Colombo, Guairacá e Marumbi, e assinado por pelo menos quatro décadas uma das colunas esportivas mais lidas no estado, no jornal Tribuna do Paraná. Graças a seu envolvimento com o esporte chegou a ser cogitado para assumir a Federação Paranaense de Futebol. Em 2011, a FPF deu o nome de Boleslau Sliviani (Dr. Boluca) ao troféu do segundo turno do campeonato paranaense daquele ano – uma homenagem ao ex-craque e ao mesmo tempo ao seu ex-assessor jurídico. Foi defensor da FPF nos tribunais.


Tiradas

As tiradas do Boluca vão ficar na memória de todos que com ele conviveram. Costumava brincar com colegas de profissão: “guri de ouro, ainda vou te levar pra Globo”. Às mulheres, tinha sempre uma expressão carinhosa: “menininha de ouro!”. A colegas que se despediam dizia sempre: “Vai com Deus, guri”.









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