Iniciei minha vida profissional aos 14 anos como office-boy, em um banco na cidade de Cascavel PR. Naquele tempo o banco incentivava seus funcionários a cursar ensino superior nas áreas de Ciências Contábeis, Administração e Economia. Este foi o pontapé para a carreira contábil. Fora do banco, exerci diversas outras atividades relacionadas a contabilidade. Ingressei na carreira acadêmica em 1989. Cursei pós-graduações em Contabilidade Gerencial e em Auditoria e me tornei o primeiro professor da Unioeste/Cascavel a obter os títulos de mestre e doutor. Além do doutorado em Ciências Empresariais, concluído em 2005, possuo doutorado, em Linguística, com a tese sobre a ambiguidade lexical da informação contábil. Também busquei aperfeiçoamentos em cursos no exterior, atuei como chefe de departamento, coordenador do curso, diretor do Centro de Ciências Sociais Aplicadas, além de assessor da reitoria no cargo de Auditor chefe. A partir de 1999 passei a compor o banco de avaliadores de cursos e de instituições de ensino coordenado pelo INEP/MEC e atuo como perito judicial desde 1995. 

Também tenho muito apreço pelas atividades contábeis relacionadas ao Terceiro Setor. É uma área com pouca participação de profissionais da contabilidade. Infelizmente, ainda prevalece a visão de que esse setor não precisa de contabilidade, que basta um simples “livro caixa”, embora existam normas específicas para esse segmento. Por isso, conclamo os colegas para que abracem a causa, que apoiem uma entidade do Terceiro Setor, busquem orientar sobre a importância da boa informação contábil para a sobrevivência de qualquer entidade, quer seja com ou sem finalidade de lucro. 

Sobre minha trajetória na ACCPR, fui eleito para a Cadeira nº 7 em 2010. Considero que fazer parte da Academia é o ápice da honraria que um profissional pode receber dos seus pares. Atualmente exerço o cargo de vice-presidente. Em 2022 fui eleito também acadêmico da Academia Brasileira de Ciências Contábeis (ABRACICON), honraria que muito me engrandece .

EG: A contabilidade está sofrendo forte evolução, muito em função da legislação brasileira, além dos impactos tecnológicos e estruturais. O principal desafio hoje é a formação de profissionais aptos a entender e acompanhar toda essa evolução para conseguir gerar informações úteis para o gestor tomar boas decisões . Não devemos ver a profissão como um mal necessário para as organizações, mas sim, a principal ferramenta de gestão para seus usuários. Outro desafio é o que deve ser enfrentado pelas instituições de ensino: ao conceber cursos de graduação, definir as competências e habilidades técnicas que formarão o profissional do amanhã. Com base nesse perfil, saberemos como será nossa profissão do futuro.  

CRCPR Online: Que conselhos daria para alguém ingressando na área contábil?

EG: Entendo que a melhor forma de ter sucesso profissional é buscar a constante atualização. Não basta saber as técnicas, visto que atualmente um bom sistema informatizado é capaz de realizar tarefas repetitivas. Vejo como diferencial o conhecimento qualitativo da informação contábil, saber interpretar os números gerados pelos sistemas de informação. Logo, escrever bem deve ser uma boa opção de crescimento profissional, quer seja como contador, auditor e perito, entre tantas outras alterativas que a Contabilidade proporciona.  

EG: O futuro da Contabilidade será aquele que nós, atuais profissionais, estivermos dispostos a criar. Para uma atividade tão essencial quanto a Contabilidade, não podemos aceitar afirmações que circulam na mídia de que é uma das profissões em extinção. Nenhuma organização sobrevive nem sobreviverá sem uma boa contabilidade. Portanto, o futuro da profissão não está na vontade de pessoas, senão na realidade e necessidade do sistema empresarial, que é altamente dependente das informações geradas pela contabilidade.