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Emoção marca o talk show de encerramento dos trabalhos do XENMC




Por Adriana Magalhães – Comunicação CRCPR

Por mais que tenham sido discutidos temas objetivos, como gestão de pessoas, sucessão familiar, desenvolvimento de carreira e tendências de mercado, emoção foi um sentimento presente em todas as atividades do X Encontro Nacional da Mulher Contabilista. E com o talk show de encerramento não haveria de ser diferente. A atriz Marisa Orth iniciou a apresentação contando sua trajetória até se assumir como atriz. “Meus pais são pessoas muito cultas, mas esperavam que eu seguisse uma carreira mais convencional”, contou. Até que um dia, na faculdade de psicologia, por uma desavença com uma professora, ela saiu gritando pelos corredores: “Eu não sei o que estou fazendo aqui! Eu sou atriz!”, relatou, ao falar sobre a importância de as pessoas serem verdadeiras consigo mesmas.

Em seguida, o ator Daniel Boaventura, que mediou o talk show, convidou ao palco Sônia Guimarães, professora doutora do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA); a deputada federal Christiane Yared; e a executiva Ângela Tamiko Hirata, presidente da Suriana – empresa especializada em elaborar planos de expansão internacional de empresas, criada com base em sua experiência à frente da internacionalização de marcas como Havaianas –, para juntar-se a Marisa Orth e falar sobre os desafios da mulher no mercado de trabalho e na sociedade.









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À deputada federal mais votada do Paraná, Christiane Yared, Boaventura perguntou por que, em um país com maioria de mulheres, menos de 10% dos parlamentares são representantes do sexo feminino. Yared foi muito aplaudida em sua fala inicial, ao dizer que nosso país segue sendo muito machista e que o Congresso Nacional é ainda mais. “Em meu primeiro dia como parlamentar, um colega me recomendou, ao passar pelo corredor: Lugar de mulher é na cozinha! E eu respondi que lugar de mulher é onde ela quiser, até na cozinha”.

Em seguida, a deputada falou sobre sua bandeira apartidária, a segurança no trânsito. “Hoje eu não considero que perdi um filho (referindo-se à morte de seu filho e de um amigo em maio de 2009 em um acidente de trânsito em Curitiba, causado pelo então deputado estadual Fernando Ribas Carli Filho). Ao enterrá-lo, eu plantei um filho e transformei essa dor em uma luta para que outras mães não tenham que passar pelo mesmo sofrimento”. Christiane lembrou que o Brasil é o segundo país do mundo em acidentes de trânsito, com cerca de 210 mortos e 500 feridos por dia nesse tipo de acidente – a cada quatro segundos, o trânsito causa sequelas em um brasileiro – , e que acidentes causados pelo uso de celular já matam seis vezes mais que os causados pelo álcool no país. Fez um apelo também para que as pessoas usem o cinto de segurança no banco traseiro, pois a falta do uso do equipamento é a maior causa de morte de crianças no trânsito. Ela finalizou dizendo que, apesar da crise moral que a política brasileira atravessa, dentro do Congresso tem muita gente boa lutando para fazer deste país um lugar melhor.

Doutura Sônia relatou as barreiras que precisou superar, como mulher negra de origem pobre, para alcançar uma posição de liderança em uma instituição militar, eminentemente masculina, que até o ano 2000 sequer aceitava mulheres como alunas. “Todos os dias tenho que andar com o meu currículo pendurado no pescoço e lembrar a todos que estou ali porque sou PhD pelo Instituto de Ciência e Tecnologia da Universidade de Manchester, na Inglaterra”, confidenciou. “Vocês devem estar se perguntando o que uma física está fazendo aqui, em um encontro de mulheres contabilistas. Eu vim para dizer a vocês que façam tudo o que for preciso para que nosso país atinja o desenvolvimento que sonhamos, precisamos que vocês falem com seus filhos – aqueles que decidiram não seguir a carreira de contadores” – falou com um toque de humor – “que sigam as carreiras técnicas, como química, física, engenharia, pois o país tem uma defasagem enorme desses profissionais”.

Marisa Orth falou sobre as dificuldades da mulher que segue a carreira artística, não apenas por ainda hoje serem vistas com maus olhos, mas também pela exposição, que acaba atingindo seus familiares, e pela dificuldade, que afeta todas as mulheres que trabalham, em conciliar a vida profissional com as obrigações pessoais e domésticas. Também falou sobre a sua ONG, a escola Spectaculu, que há mais de 10 anos oferece educação, cultura, oportunidade e formação profissional no setor de arte e espetáculos para jovens de comunidades carentes, cuja ideia surgiu há pouco mais de 10 anos, durante uma viagem à Índia, com seu amigo e cenógrafo Gringo Cardia. “Em nosso trabalho na Spectaculo, a questão do gênero salta aos olhos quando nos deparamos com o problema da gravidez na adolescência, que afeta mais a mulher, diretamente envolvida com o problema, que muito frequentemente acaba tendo que largar os estudos para cuidar do bebê. Então, além da formação para profissões ligadas à área de artes e entretenimento, também temos a preocupação de levar informação a essas jovens para que elas aprendam a se prevenir e tenham uma postura mais assertiva ante seus parceiros”, contou.

O talk show terminou com o depoimento de Ângela Hirata. Ela contou que, apesar de neta de imigrantes japosenes, que sempre exaltaram seu país de origem, ela sempre se orgulhou de ser brasileira e esse orgulho a fez querer transformar o Brasil em uma marca conhecida internacionalmente. “Essa oportunidade veio quando eu fui trabalhar na Alpargatas, onde eu era a única mulher a ocupar uma diretoria. Por sorte, o então presidente vinha de experiências profissionais em que havia trabalhado com outras executivas e me deu muita abertura para desenvolver meu trabalho”, comentou. “Entre as marcas da empresa, a Havaianas piscava o tempo todo para mim, apesar de o meu chefe achar que devíamos investir em outra marca. Nossa estratégia foi investir em locais de onde a moda é disseminada para os outros países – Paris, Londres e Milão”.

Depoimentos de mulheres com histórias de vida tão distintas tiveram em comum uma sinceridade ímpar, que tocou os participantes do evento. Além disso, chamou a atenção o fato de que, não importando a profissão, todas tiveram que superar imensos obstáculos para conquistar seu lugar ao sol. Encerrada a parte do conhecimento, o X Encontro Nacional da Mulher Contabilista terminou com a energia e arte do show de Daniel Boaventura, que levantou a plateia e colocou todo mundo para dançar à frente do palco.