Atualização profissional foi destaque do X Encontro Nacional da Mulher Contabilista
Por Adriana Magalhães - Comunicação CRCPR, Juliana Oliveira - RP1 Comunicação e Maristela Girotto - Comunicação CFC
O X Encontro Nacional da Mulher Contabilista levou a Foz do Iguaçu (PR) mais de dois mil profissionais da contabilidade que discutiram, em três dias de debates – 12 a 14 de agosto -, os desafios e oportunidades do mercado contábil. Os participantes também puderam assistir a palestras motivacionais, sobre saúde e conhecer histórias de mulheres que fizeram a diferença nas suas carreiras. Em todos os painéis, os especialistas ressaltaram a importância da profissionalização e de se manter atualizado na carreira.
A Cerimônia de abertura do X Encontro Nacional da Mulher Contabilista, que aconteceu na noite de 12 de agosto.
A solenidade de abertura foi marcada pelo compromisso das autoridades presentes na mesa de cerimônia com a classe contábil e também pela beleza do espetáculo cultural “Lenda das Cataratas”, uma alegoria sobre a força do amor que fez surgir as fascinantes cataratas no rio Iguaçu. A cerimônia teve ainda a execução do Hino Nacional pelas cordas da Orquestra Paranaense de Viola Caipira (FAG).
A mesa de honra da cerimônia foi composta pelo presidente do CFC, José Martonio Alves Coelho; pela presidente do CRCPR, Lucelia Lecheta; pelo prefeito de Foz do Iguaçu, Reni Clóvis de Souza Pereira; pela coordenadora da Comissão Nacional da Mulher Contabilista e presidente da Abracicon, Maria Clara Cavalcante Bugarim; pela presidente da Federação Internacional de Contadores (Ifac, na sigla em inglês), Olivia Kirtley; pelo bastonário da Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas de Portugal, António Domingues de Azevedo; pela presidente do Conselho Diretor do Instituto Americano de Contadores Públicos Certificados (AICPA, na sigla em inglês), Tommye Barie; pelo presidente da Federação Nacional das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas (Fenacon), Mário Elmir Berti; pela diretora Financeira e Executiva da Itaipu Binacional, Margaret Mussoi Luchetta Groff; pelo presidente da Fundação Brasileira de Contabilidade (FBC), Juarez Domingues Carneiro; e pelo presidente da Diretoria Nacional do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon), Idésio da Silva Coelho Júnior; e pelos detentores da “Medalha Mérito Contábil João Lyra” Antônio Carlos Nasi e José Maria Martins Mendes.
Execução do Hino Nacional pela Orquestra Paranaense de Viola Caipira (FAG).
Cena do espetáculo de dança "A Lenda das Cataratas".
As palestras começaram no dia 13, com Liderança e gestão de pessoas
A psicóloga Adriana Albuquerque, empresária, coach, professora e autora de livros sobre realização profissional e excelência pessoal, levantou a plateia na manhã de quinta-feira (13), falando sobre liderança e gestão de pessoas. “Antigamente, o estilo era o ‘manda quem pode, obedece quem tem juízo’. Hoje, manda quem sabe mais”, disse, reconhecendo que o sistema antigo ainda permanece em muitas empresas e diferentes setores da sociedade, mas que a transição para a era do conhecimento é um processo irreversível e que precisa ser sustentável.
Geradoras de saúde e felicidade
Este foi o tema da segunda palestra do dia 13, pelo cirurgião cardiovascular Fernando Lucchese, que elencou uma série de descobertas feitas por mulheres, que ajudaram a transformar e melhorar a vida em sociedade, em diferentes campos, como negócios, política e ciência, entre outros. “Há um elenco de mulheres que tem feito a transformação no mundo”, disse, fazendo a previsão de que “em 100 anos, o mundo será feminino”.
O palestrante falou a respeito de vantagens hormonais das mulheres e, por outro lado, de doenças que acometem mais no corpo feminino, como a depressão. Mas a saúde, para ele, faz parte de um conjunto indissociável do estilo de vida e da felicidade.
Sucessão em empresas familiares e O novo mercado para a área contábil
O painel Governança e Sucessão em Empresas Familiares abriu a programação da tarde,com a participação de Ana Maria Elorrieta, membro do International Federation of Accountants Board (Ifac); Sâmia Msadek, diretora de Prática Global de Governança do Banco Mundial; e Manoel Knopfholz, sócio-majoritário da Meca Assessoria, Capacitação e Treinamento Empresarial e Educacional. A moderação do painel foi de Nilva Amália Pasetto, coordenadora da Comissão da Mulher Contabilista do Estado do Paraná.
A profissionalização foi apontada como a alternativa para que a sucessão de empresas familiares ocorra de maneira eficiente e eficaz. Segundo Ana Maria Elorrieta, embora apenas 7% das empresas familiares desapareçam ao passar para a segunda geração, somente 4% ultrapassam a quarta. Ela aponta o desinteresse por parte da família, a má gestão e problemas de sucessão como algumas das causas.
Para Manuel Knopfholz, “as empresas que estão sendo bem sucedidas têm investido cada vez mais na profissionalização, desenvolvimento de mecanismos de governança corporativa, estabelecimento de regras de família deixando claros os limites entre essas e as empresas”, conta. Knopfholz lembra que 67% das falências de empresas no Brasil ocorrem por brigas na sucessão. Para ele, é imperioso que mesmo não atuando na empresa, o herdeiro do negócio saiba ler um balanço empresarial, por exemplo.
O acesso à educação e à formação profissional são alguns dos desafios que as mulheres precisam enfrentar. Há países em que as mulheres ganham até 60% menos que os homens que desempenham as mesmas funções, diferença que, para Sâmia Msadek, só a qualificação profissional pode reduzir. para ela, o aspecto qualitativo da formação não pode ser relegado a um segundo plano. “O profissional da contabilidade ou de qualquer outra área que queira fazer a diferença, precisa se manter atualizado e atento ao que está acontecendo, não apenas ao seu redor, mas em todo o mundo”, defendeu.
A partir da esquerda, Sâmia Msadek, diretora de Prática Global de Governança do Banco Mundial; Manoel Knopfholz, sócio-majoritário da Meca Assessoria, Capacitação e Treinamento Empresarial e Educacional; Nilva Amália Pasetto, coordenadora da Comissão da Mulher Contabilista do Estado do Paraná; e Ana Maria Elorrieta, membro do International Federation of Accountants Board (Ifac).
A partir da esquerda, Jennifer Thomson, autoridade em Gerenciamento Financeiro do Banco Mundial; Ernani Ott, presidente da Associação Nacional dos Programas de Pós-graduação em Contabilidade (Anpcont); Mário Elmir Berti, presidente da Fenacon; Lucelia Lecheta, presidente do CRCPR; e Olivia Kirtley, presidente da Federação Internacional de Contadores (Ifac).
Sob a coordenação do presidente da Fenacon, Mário Elmir Berti, Lucelia Lecheta, presidente do CRCPR; Ernani Ott, presidente da Associação Nacional dos Programas de Pós-graduação em Contabilidade (Anpcont); Olivia Kirtley, presidente da Federação Internacional de Contadores (Ifac, na sigla em inglês); e Jennifer Thomson, autoridade em Gerenciamento Financeiro do Banco Mundial, abordaram o tema “O novo mercado para a área contábil: como se manter nesse mercado competitivo”.
Olívia Kirtley discorreu especialmente sobre a importância dos Relatórios Integrados (RI) para a boa governança das companhias. O RI é uma iniciativa do International Integrated Reporting Council (IIRC), hoje utilizada por vários de países, que visa auxiliar as empresas a estabelecerem o pensamento integrado na gestão e na comunicação dos resultados, unindo informações não financeiras, sociais e ambientais, aos relatórios contábeis. Também falou a respeito da relevância de se atrair novos talentos para a contabilidade. “Precisamos garantir que a nossa carreira seja atraente aos jovens”.
Autoridade em Gerenciamento do Banco Mundial, Jennifer Thomson, discorreu sobre o trabalho desenvolvido pelo Banco Mundial, lembrando que a instituição foi fundada, após a Segunda Guerra Mundial, com a finalidade de ajudar na reconstrução dos países destruídos pela guerra. “As metas do Banco Mundial são erradicar a extrema pobreza e estimular a prosperidade compartilhada”, afirmou. No entanto, ela admitiu que a distância entre os ricos e os pobres está ficando cada vez maior.
Abordagem do tema sob o aspecto acadêmico coube ao professor Ernani Ott, presidente da Associação Nacional de Programas de Pós-graduação em Ciências Contábeis (Anpcont). Citando sua experiência de 46 anos de atividade acadêmica, ele foi enfático ao afirmar que é preciso ter conhecimento. “A contabilidade, enquanto ciência social aplicada, interage com a sociedade, acompanhando as suas evoluções. Hoje, a contabilidade se internacionalizou, a complexidade dos negócios se tornou bastante acentuada e a competição no mercado de trabalho passou a ser intensa”.
A participação da presidente do CRCPR, Lucelia Lecheta, no painel, teve um aspecto prático, focando nas principais questões que os contabilistas têm levado ao CRCPR: as novas tecnologias, novos modelos de negócios que oferecem serviços contábeis pela Internet, o surgimento de franquias de serviços contábeis e a fusão de pequenos escritórios como meio de fortalecimento e sobrevivência da atividade. Lucelia destacou que “as empresas que oferecem o binômio ‘inteligência contábil e qualidade na prestação de serviços’ não têm com o que se preocupar, pois isso não pode ser substituído pela máquina”.
Energia e arte encerraram a programação
"E foram quase felizes para sempre", primeiro monólogo da atriz e comediante Heloísa Périsse, contou a história de uma escritora que se separa do marido ao lançar um livro sobre hotéis e resorts para uma lua de mel inesquecível. Em tom de desabafo, a peça, em que Heloísa interpreta 14 personagens, provocou risos na plateia, que se identificou com as várias situações vividas pela protagonista Letícia, ao longo de seu relacionamento com João Vitor.
Emoção foi um sentimento presente em todas as atividades do X Encontro Nacional da Mulher Contabilista. E com o talk show de encerramento não haveria de ser diferente. Mediado pelo ator Daniel Boaventura, reuniu no palco Sônia Guimarães, professora doutora do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA); a deputada federal Christiane Yared; a executiva Ângela Tamiko Hirata, presidente da Suriana e a atriz Marisa Orth para falar sobre os desafios da mulher no mercado de trabalho e na sociedade.
À deputada federal mais votada do Paraná, Christiane Yared, Boaventura perguntou por que, em um país com maioria de mulheres, menos de 10% dos parlamentares são representantes do sexo feminino. Yared foi muito aplaudida em sua fala inicial, ao dizer que nosso país segue sendo muito machista e que o Congresso Nacional é ainda mais. “Em meu primeiro dia como parlamentar, um colega me recomendou, ao passar pelo corredor: Lugar de mulher é na cozinha! E eu respondi que lugar de mulher é onde ela quiser, até na cozinha”. Christiane lembrou que o Brasil é o segundo país do mundo em acidentes de trânsito, com cerca de 210 mortos e 500 feridos por dia nesse tipo de acidente – a cada quatro segundos, o trânsito causa sequelas em um brasileiro – , e que acidentes causados pelo uso de celular já matam seis vezes mais que os causados pelo álcool no país. Fez um apelo também para que as pessoas usem o cinto de segurança no banco traseiro, pois a falta do uso do equipamento é a maior causa de morte de crianças no trânsito. Ela finalizou dizendo que, apesar da crise moral que a política brasileira atravessa, dentro do Congresso tem muita gente boa lutando para fazer deste país um lugar melhor.
Doutura Sônia relatou as barreiras que precisou superar, como mulher negra de origem pobre, para alcançar uma posição de liderança em uma instituição militar, eminentemente masculina, que até o ano 2000 sequer aceitava mulheres como alunas. “Todos os dias tenho que andar com o meu currículo pendurado no pescoço e lembrar a todos que estou ali porque sou PhD pelo Instituto de Ciência e Tecnologia da Universidade de Manchester, na Inglaterra”, confidenciou.
Marisa Orth falou sobre as dificuldades da mulher que segue a carreira artística, não apenas por ainda hoje serem vistas com maus olhos, mas também pela exposição, que acaba atingindo seus familiares, e pela dificuldade, que afeta todas as mulheres que trabalham, em conciliar a vida profissional com as obrigações pessoais e domésticas. Também falou sobre a sua ONG, a escola Spectaculu, que há mais de 10 anos oferece educação, cultura, oportunidade e formação profissional no setor de arte e espetáculos para jovens de comunidades carentes, cuja ideia surgiu há pouco mais de 10 anos, durante uma viagem à Índia, com seu amigo e cenógrafo Gringo Cardia.
O talk show terminou com o depoimento de Ângela Hirata. Ela contou que, apesar de neta de imigrantes japosenes, que sempre exaltaram seu país de origem, ela sempre se orgulhou de ser brasileira e esse orgulho a fez querer transformar o Brasil em uma marca conhecida internacionalmente. “Essa oportunidade veio quando eu fui trabalhar na Alpargatas, onde eu era a única mulher a ocupar uma diretoria. Por sorte, o então presidente vinha de experiências profissionais em que havia trabalhado com outras executivas e me deu muita abertura para desenvolver meu trabalho”, comentou.
Chamou a atenção o fato de que, não importando a profissão, todas tiveram que superar imensos obstáculos para conquistar seu lugar ao sol.
O X Encontro Nacional da Mulher Contabilista terminou com a energia e arte do show de Daniel Boaventura, que levantou a plateia e colocou todo mundo para dançar à frente do palco.