:: Ney Patrício fala de contabilidade e política


A busca da realização profissional, aliada à defesa da classe e da comunidade, é altamente gratificante. Eis a lição desta entrevista com Ney Patrício da Costa, presidente da Câmara Municipal de Foz do Iguaçu e conselheiro-suplente do CRCPR."De família humilde, fui engraxate, vendedor de picolé, contínuo, cobrador de ônibus, auxiliar de escritório, bancário, juiz classista e professor da rede estadual de ensino", conta. Casado, pai de três filhas, vive há 27 anos em Foz. É formado em Ciências Contábeis e está cursando Direito. Além da Câmara, trabalha na empresa da família, a Ntec Contabilidade.

Folha do CRCPR - O que a cidade de Foz do Iguaçu significa para o senhor?
Ney Patrício - Significa minha infância, juventude, minha formação, significa minha vida de hoje e a maturidade suficiente para os desafios contemporâneos. Aprendi tudo em Foz, e tudo que conquistei comecei por aqui.

Folha do CRCPR - O senhor trabalha em escritório, é vereador, participa do sindicato e é conselheiro suplente do CRCPR. Como consegue conciliar todas essas coisas?
Ney - Com muita dedicação e trabalho. Meu tempo é sempre escasso, mas prazeroso. Procuro priorizar as atividades, sem deixar de lado as menos importantes, objetivando retornos e ações, com auxílio de colaboradores. Ainda contribuo com outras entidades, como a Câmara Júnior, da qual participo há mais de 10 anos.

Folha do CRCPR - O que toma mais o seu tempo: a política ou a contabilidade?
Ney - Sempre foram os serviços da atividade profissional, mas ultimamente com os desafios surgidos, a política tem me exigido mais.

Folha do CRCPR - Com base na sua experiência, qual a importância de contabilistas se envolverem com a política?
Ney - Fundamental, para a valorização e reconhecimento da classe, muito mais para o desenvolvimento da sociedade, pois esses profissionais podem contribuir muito nas ações governamentais, em função da sua experiência forte e verdadeira com a vida empresarial.

Folha do CRCPR - O senhor tem exemplos de conquistas à classe contábil de Foz, decorrentes da sua participação na política local?
Ney - Conseguimos abrir um diálogo franco e permanente, muito embora ainda tenhamos algumas dificuldades. Pude colaborar bastante nas discussões do ISSQN junto com outras entidades da cidade, quando obtivemos redução de alíquotas. Conseguimos regulamentações e melhorias nos procedimentos e exigências na obtenção de alvarás e controles do ISSQN. Mas o grande feito foi a proposta de um REFIS municipal de minha autoria, aprovado por unanimidade, beneficiando pessoas físicas e jurídicas, com vigência até 2004. Este projeto possibilitou a quitação de dívidas com o município, com descontos proporcionais para pagamento à vista e em parcelas, e garantiu aumento da arrecadação.

Folha do CRCPR - Na sua opinião, o contabilista que participa da política tem que lutar pela classe ou pela sociedade?
Ney - Quando as conquistas beneficiam a sociedade, automaticamente a classe se beneficia, e vice-versa, mas há situações pontuais que por vezes são diretamente ligadas à classe.

Folha do CRCPR - Qual tem sido a sua postura?
Ney - Leal e transparente para com a sociedade, e vigilante nas questões diretamente ligadas à classe; e neste ponto, os colegas têm me prestigiado bastante com sugestões e críticas, o que me fortalece e me motiva muito.

Folha do CRCPR - A classe contábil brasileira acaba de fracassar no esforço de conquista do Simples para os escritórios. O que teria faltado?
Ney - Não acho um fracasso nosso, mas uma injustiça por parte do governo. Acredito que a classe fez o que pôde, mas se tivéssemos representantes legítimos, certamente teríamos uma situação no mínimo diferente. Esta luta deve continuar, pois perdemos apenas uma batalha de uma guerra permanente. Se tivéssemos conseguido, teríamos outra luta para mantê-la.

Folha do CRCPR - Em termos gerais, como o senhor analisa a postura dos contabilistas brasileiros em relação à política e à sociedade?
Ney - No geral, nossos colegas têm postura acanhada demais em relação ao processo político, mas têm contribuído bastante com a sociedade, sem se preocuparem com reconhecimento. Este ponto merece atenção. Precisamos sutilmente fazer repercutir as contribuições para que, lenta e gradativamente, as portas se abram e possamos obter outros ganhos.

Folha do CRCPR- Como foi o seu envolvimento com o sindicato dos contabilistas local. O que essa experiência tem representado?
Ney - A aproximação se deu logo após meu inicio na atividade e da necessidade de aprimoramento das funções laborais, além de sentir que poderia contribuir para o fortalecimento e construção da entidade de classe, que na época tinha pouca expressão na comunidade. Na ocasião, junto com outros colegas, iniciamos várias ações para o aumento do quadro associativo, através de promoções de capacitação e festividades de congraçamento. Este engajamento, a partir da necessidade constante de me aprimorar e buscar a valorização profissional, representa a minha luta que depois aprendi a estender à sociedade. Essa experiência tem sido gratificante.

Folha do CRCPR - E a aproximação com o CRCPR?
Ney - A aproximação com o CRC veio desses desdobramentos acima, via Fecopar e sindicato, do qual cheguei a ser presidente. Jamais deixei de estar junto com os colegas de Foz e de todo o Paraná. No CRCPR tive a oportunidade de coordenar a Convenção Estadual dos Contabilistas do Paraná, em agosto de 2001.

Folha do CRCPR - Quais são os seus planos para o futuro?
Ney - Desejo concluir o curso de Direito, para me capacitar ainda mais profissionalmente. Serei sempre contador, antes de tudo. Na vida política, a pretensão é continuar no legislativo municipal por mais um mandato, continuar trabalhando pelas causas da minha comunidade e da classe contábil, para, num segundo momento, avaliar as condições de buscar desafios ainda maiores, sempre em prol da classe e da sociedade.

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