Entrevista


A Folha entrevista o mais antigo delegado do CRCPR

Nascido em 1940, no Sul da Holanda, Jacobus Petrus Jean Lamers veio para o Brasil, em 1949, época em que muitos conterrâneos seus imigraram à procura de terras para cultivar. Sua família instalou-se, inicialmente, em Holambra I, região de Campinas, mudando depois para Castro, enquanto ele foi internado em um colégio de padres de São Paulo. Não continuou no seminário, mas manteve-se fiel à fé e à moral. Jacobus Lamers é um homem profundamente religioso. Foi para Castro em 1956. Casou com dona Alice. Teve quatro filhos. Se, em Castro, perguntarem pelo Jacobus poucos saberão quem é. Mas todos conhecem o Tiago, proprietário do escritório Tiago Contabilidade. Embora naturalizado, é virtualmente um brasileiro. Ele insiste em confessar sua paixão pelo Brasil. Nesta entrevista ele fala da sua experiência profissional.

 

Folha do CRCPR – Vamos chamá-lo de Tiago, como todos o fazem. Mas por que não o chamam de Jacobus ou Petrus?

Tiago – Porque Jacobus é um nome latino. Tiago é a tradução. Assim como Petrus que significa Pedro. Tiago foi o que pegou.

Folha do CRCPR – Por que o senhor decidiu trabalhar com contabilidade?

Tiago – Meus pais eram agricultores, mas nem eu e nem meus irmãos quisemos seguir seus passos. Ingressei na escola de contabilidade, em 1958, porque foi a única alternativa de curso médio que me restou na época. Além desta opção, havia o magistério, mais procurado pelas moças, e o científico, que visava ao ingresso na universidade, freqüentado por quem tinha mais condição financeira, que não era o meu caso.

Folha do CRCPR – Levando em conta que o senhor atua na profissão há um bom tempo, ficou mais fácil ou mais complicado trabalhar com contabilidade?

Tiago – Exerço com dedicação integral a contabilidade desde 1958, e asseguro que, com o surgimento da informática, e conseqüentemente da internet, a contabilidade (escrituração em si) ficou bem mais cômoda. A legislação tributária, previdenciária, trabalhista, etc, galgou uma evolução assustadora, com alterações constantes, a tal ponto que, nesta área, ninguém mais é dono da verdade. As constantes informações que os poderes públicos pedem também se ampliaram muito, fixando prazos exíguos, citando como exemplo o pagamento do INSS, no dia 2 do mês subseqüente que, mesmo com toda a tecnologia a nossa disposição, é um sufoco. Sem esquecer que já estamos ingressando na era da autuação fiscal eletrônica!

Folha do CRCPR – Desde quando o senhor é delegado do CRCPR?

Tiago – Com toda satisfação, dedicação e humildade, sou delegado do CRCPR, desde exatamente 5 de dezembro de 1963, quando fui nomeado, e, sendo o mais antigo, acredito não ser o mais velho (risos).

Folha do CRCPR – Nesse tempo todo, ocorreu algum fato que merecesse especial registro?

Tiago – Em épocas passadas, havia uma disputa mais acirrada pelo comando do CRCPR, visando, quero crer, um destaque pessoal, como também sentíamos um ambiente um pouco carregado. Ao passo que, de uns tempos para cá, não há mais essa disputa, e o comando visa e se preocupa com a classe contábil. O ambiente tornou-se muito mais descontraído, mas sempre com a maior seriedade, como demonstra o quadro de funcionários altamente qualificado.

Folha do CRCPR – O senhor saberia dizer o número aproximado de profissionais que atuam na região?

Tiago - Temos, na região que abrange Castro, Carambeí e Piraí do Sul, exatamente 159 profissionais registrados.

Folha do CRCPR - Quais as principais reinvidicações dos contabilistas de Castro ao CRCPR?

Tiago – O que os contabilistas mais solicitam é uma maior presença do Conselho para proferir conferências esclarecedoras e reafirmadoras sobre responsabilidade profissional, bem como para ampliação dos conhecimentos contábeis, tributários; enfim, sobre temas que abranjam toda e qualquer área de assuntos contemporâneos da nossa atividade. Além disso, os profissionais pedem manutenção e intensificação da ação fiscal, exigindo a escrituração contábil e fiscal, para que os empresários sintam segurança e orientação, minando assim o aviltamento de honorários pelos chamados "preenchedores de guias" que tanto prejudicam e envergonham os corretos e competentes contabilistas.

Folha do CRCPR – Quais os serviços mais procurados pelos contabilistas?

Tiago – A delegacia é mais procurada por profissionais que querem certificados de regularidade, etiquetas (DHP) e parcelar débitos.

 

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