EDITORIAL - O papel político da classe contábil


Independentemente da maneira como cada um pode estar avaliando o processo eleitoral, esse é um dos momentos mais importantes da vida nacional. A magnitude do ato de votar pode ser avaliada pelas responsabilidades transferidas ao presidente da República, aos senadores, deputados e governadores escolhidos.

Os eleitos assumirão o compromisso de promover o crescimento econômico, social e cultural do país; melhorar as condições de vida da população; erradicar as desigualdades sociais; ampliar o ensino e os serviços de saúde, justiça e segurança; criar empregos; combater a violência… Assumirão, enfim, a tarefa de dar forma e realidade aos sonhos da nação.

Nossa democracia só conseguirá realizar os seus altos ideais, no entanto, quando a maioria dos brasileiros estiver consciente da força e dos recursos que possui. O voto é apenas um deles.

A politização da classe contábil é um fato que pode ser avaliado, nacionalmente, pelo número dos profissionais que tem se filiado a partidos, concorrendo como candidatos em eleições. Muitos assumiram mandatos como vereadores ou prefeitos, no último pleito municipal.

A classe contábil está despertando para uma nova realidade. Ainda está um pouco presa aos seus próprios problemas, mas já percebe que esses estão vinculados aos problemas nacionais, agora até aos globais, e não podem ser resolvidos de forma isolada. A campanha de incentivo à doação de sangue foi um sinal de sensibilidade em relação às carências sociais.

O balanço social, por exemplo - peça nascida das recentes preocupações dos profissionais da contabilidade - é um instrumento de mediação entre os interesses das organizações e as necessidades coletivas. É uma prova de que a contabilidade deixou de ser uma atividade apenas técnica, às voltas com legislações, balanços e prestações de contas, mas reúne sólidos elementos para assessorar gestões e pode, ainda, promover o desenvolvimento humano.

Responsabilidade social e ética, a propósito, são divisores entre a nova e a velha contabilidade. Na era da informação, a lei é a transparência. Estão desmoronando as instituições que não prestam atenção neste princípio.

Por enquanto, apenas algumas empresas e instituições fazem ou fingem que fazem balanço social no Brasil.

Para que a população possa usufruir, em maior escala, dos benefícios desse instrumento é fundamental que o Congresso Nacional aprove lei universalizando-o nas administrações.

Nada impede, paralelamente, que a Assembléia Legislativa do Paraná e as câmaras municipais, a exemplo de outros legislativos, se antecipem definindo um modelo regional de balanço social. O CRCPR está à disposição dos legisladores para colaborar com propostas.

Além do balanço social, a classe contábil está atenta, também, à reforma tributária: o Congresso e o governo federal que assumirão, em 2003, não poderão escapar ao compromisso de aprovar um novo sistema tributário, mais simples, mais eficiente e menos punitivo de quem ousa empreender.

O Programa Gestão Fiscal Responsável, instituído pelo Conselho Federal de Contabilidade, tem a finalidade de incentivar as prefeituras de todo o país a seguir a nova legislação. São muitas, na verdade, as bandeiras que os contabilistas podem, devem e precisam assumir, em todas as esferas, conscientes de seu papel de cidadãos; e a chance de soluções começa com a harmonização da classe, prosseguindo na interação com as demais forças sociais.

Nelson Zafra
Presidente do CRCPR

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