:: Ousadia com responsabilidade

Assumo mais um mandato no Conselho Regional de Contabilidade do Paraná, por irredutível vontade de servir à minha classe e porque meus colegas de profissão e meus pares assim o quiseram. Fomos eleitos, em novembro último, por quase 90% dos votos dos contabilistas do Paraná; e, num segundo momento, pela maioria dos conselheiros. Este índice de aprovação não se deu gratuitamente, mas a partir do trabalho que realizamos nos últimos dois anos. Creio ter ficado patente, nesse tempo, o que entendemos ser a missão de um conselho de classe.
Quando falamos em uma nova imagem da classe estávamos propondo o rompimento com velhos paradigmas, insustentáveis hoje. Não nos referíamos a algo artificial como uma simples troca de vestes, mas a uma metamorfose do contabilista, na forma e no conteúdo, por um processo contínuo, capaz de mexer com a plenitude do nosso ser, nossa postura, nossa maneira de trabalhar, nossos valores, crenças, ideais, sonhos...
Devemos lutar por um país melhor, com mais oportunidades para todos, menos exclusões, menos corrupção, menos injustiças, menos violências... Um país onde todas as regras sejam claras e universais, protegendo os desvalidos, favorecendo quem luta, trabalha e merece, e não os inescrupulosos, espertos, apadrinhados. Falando contabilmente, um país onde as riquezas tangíveis estejam a serviço das intangíveis.
Nosso grande desafio é colaborar mais decididamente com o que temos de singular: a essencial, veraz e eficaz informação contábil, única capaz de revelar a verdade sobre as contas públicas e privadas. Não teríamos tantas CPIs fazendo tantas revelações vergonhosas; e o cenário das eleições que se avizinham seria outro, se as atividades político-partidárias se preocupassem em apresentar demonstrações contábeis transparentes.
É nesse contexto crítico e preocupante que entra o papel insubstituível do conselho de contabilidade. Para impedir que a contabilidade seja desdenhada, afrontada, ridicularizada, e até num extremo desrespeito, utilizada como frívolo instrumento de fraudes e manipulação de informações. Para assegurar respeito, reconhecimento, valor aos profissionais. Para proteger a sociedade de criminosos.
Claro que tamanha responsabilidade não poderia ter êxito sem um órgão representativo forte e atuante. É por isso que propusemos mudanças consideráveis também à imagem do CRCPR; e mudanças que igualmente não se esgotam nos elementos de superfície, mas vão à essência, a partir de lúcidas estratégias de gestão, necessários investimentos, modernização e qualificação de pessoal. Uma das nossas principais metas foi flexibilizar uma autarquia historicamente rígida, dedicada unicamente a registrar e fiscalizar, transformando-a em uma entidade dinâmica, aberta, amiga do contabilista e mais próxima da sociedade.
É nessa linha, às vezes atrevida e audaz, que vamos prosseguir. Ousadia com responsabilidade é mesmo o nosso slogan.

Mauricio Fernando Cunha Smijtink
Presidente do CRCPR

 
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